50% de desconto! Supere o mercado em 2025 com o InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

O Banco Central se pinta para a guerra

Publicado 27.09.2024, 10:00

Com Márcio Salvato*

Na semana passada o Comitê de Política Monetária (COPOM) iniciou um ciclo de aumento de juros, bastante antecipado pelo mercado nas semanas anteriores. Nesse sentido, o relatório FOCUS e a própria curva de juros, passou dias apontando juros de 11,25% ao ano até dezembro. Mas isso se tornou mais agudo após a reunião da semana passada. 

O tom da ata divulgada logo após a decisão transmitiu um posicionamento bem mais duro do que o esperado. Assim, o mercado já começou a ajustar novamente as expectativas, acreditando em juros de 11,50%, ou até 11,75%, até o final do ano. O relatório de inflação divulgado nessa quinta-feira (26), reforçou sobremaneira essa posição mais dura do Banco Central com relação à condução da política monetária. 

No relatório, o cenário externo é descrito ainda como desafiador, apesar da recente redução dos juros nos Estados Unidos para 5,0% ao ano. Mas é o cenário doméstico que mais preocupa, com uma economia crescendo além do esperado, conforme visto no PIB do 2º trimestre, e mercado de trabalho bastante aquecido. Nesse contexto é observado que a inflação acumulada em 12 meses voltou a subir, bem como as expectativas de inflação de curto e de médio prazo. 

Na verdade, o relatório aponta que as projeções do Banco Central a respeito da inflação permanecem acima da meta de 3,0% ao ano, apontando 4,30% para 2024 e 3,70% para 2025. Comparado com o relatório anterior, as projeções pioraram, o que é mais um indicativo de que os juros devem continuar a subir nas próximas reuniões do Copom.

Cabe ressaltar que o cenário que pede uma política monetária mais apertada pelo Banco Central é amplificado pelo contexto de uma administração da política fiscal mais frouxa pelo governo. 

Há dificuldade de cumprimento das metas fiscais aprovados no arcabouço, e o governo tenta promover expansão da arrecadação que financie e justifique uma aceleração dos gastos públicos. Mesmo assim, projeta-se a manutenção da trajetória de crescimento da relação dívida/PIB, preocupando o mercado e pressionado juros futuros e taxa de câmbio. Tecnicamente, um cenário de PIB acima do seu potencial pede uma política que modere o crescimento da demanda agregada. Isso pode ser atingido com aumento dos juros, ou com ajuste fiscal. 

Mas, se a política fiscal se mantém firme na direção contrária, então a política monetária precisa ser muito mais agressiva. Ou seja, a queda de braços entre governo e Banco Central parece apenas ter começado. É provável que veremos um discurso cada vez mais crítico por parte do governo, enquanto as atas do COPOM sinalizam para o mercado que o ajuste ainda é necessário, dado que o lado fiscal não coopera.

*Diretor do Ibmec Belo Horizonte

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.