Soneto de separação
De repente
De repente, o mercado passa a interpretar uma iminente elevação de juros nos EUA.
Não vejo garantia alguma de que o Fed fará seu esperado aperto em dezembro.
Existem mais prós do que contras em se esperar um pouquinho mais, e Yellen sabe disso.
Ela certamente acompanhou de perto a divulgação do PIB americano nesta manhã.
EUA cresceram +1,5% no terceiro trimestre, em linha com o esperado.
Parece uma desaceleração significativa após os +2,3% cravados na primeira metade do ano.
Mas quem olha no detalhe vai perceber que (i) esse +1,5% foi bastante influenciado por estoques e (ii) os sinais são animadores para os últimos três meses de 2015.
Não mais do que de repente
A esta altura, para o Brasil, um aumento de 25 bps na Fed Funds Rate não mudaria muita coisa, seja ele confirmado em dez/2015 ou no início de 2016.
It’s the politics, stupid!
Estamos reféns do impasse entre Executivo e Legislativo, rezando por um Deus ex machina da Zelotes ou da Lava Jato.
Eu juro que queria voltar no tempo, para ter medo do Grexit, do Fed ou da aterrissagem chinesa.
Era muito melhor do que temer o vácuo político.
E melhor do que ver o novo secretário do Tesouro suando sangue para pagar 1/3 das pedaladas do velho secretário do Tesouro.
De sozinho se fez contente
Também tenho saudades dos tempos em que dava para criticar o Tombini.
Agora que o Bacen deixou de ser independente (pois está completamente à mercê da política fiscal), a ata do Copom perdeu a graça.
Veja só o documento publicado hoje cedo.
De cabo a rabo, ele ressalta a dependência de “um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços”.
Alexandre amava Joaquim, que amava Dilma, que amava Luiz, que amava Eduardo, que amava toda a quadrilha.
Da paixão fez-se o pressentimento
Hoje trazemos até nossos leitores o livro econômico de maior sucesso já publicado pela Agora Inc, nossos sócios americanos.
O material é de autoria de Jim Rickards, conselheiro da CIA e, entre outras coisas, um dos mentores do plano de resgate do fundo LTCM, na crise russa.
Rickards, que participa ativamente dos debates do Fundo Monetário Internacional, nutre uma visão de bastidores muito interessante, e vem acertado rigorosamente tudo o que tem analisado nos últimos meses, especialmente sobre a China.
Por meio deste livro best seller e das análises exclusivas de Jim traduzidas para o português, você saberá também o que ele tem a dizer sobre o Brasil.
Uma aventura errante
Estamos naquele estágio da temporada de resultados em que os números mais importantes saíram ou estão prestes a sair.
Já dá para tirar uma conclusão importante.
Com a recessão e o impasse político, as empresas listadas perderam grande parte da capacidade de surpreender positivamente o mercado.
Bater a meta, hoje, é entregar receitas crescendo em linha com a inflação, junto a lucros estáveis.
Mas o mercado nunca se contentou com estabilidade, e não vai ser desta vez.
Ironicamente, isso gera oportunidades interessantes.
Faça as contas.
Lucros estáveis combinados com preços de ações menores resultam em múltiplos mais atrativos.