Pela primeira vez em sete anos, o número de investidores cadastrados na B3 (BVMF:B3SA3) caiu. Os motivos são variados e, ao menos em um primeiro momento, não preocupa.
Segundo a entidade, o número total de CPFs cadastrados chegou a cerca de 6,2 milhões. Com a redução, puxada especialmente pelos homens, foi a 5,74 milhões no final de 2023.
Contudo, o dado positivo é que, na contramão deste movimento, a quantidade de mulheres que investem seguiu em alta, como eu adiantei no último artigo publicado neste espaço.
Em 2023, houve um avanço de 6,1%. Porém, ainda que a evolução tenha sido vista, ainda precisamos melhorar muito em relação à paridade uma vez que os CPFs femininos ainda representam somente 24% do total de cadastros da B3.
Os motivos, como eu disse, são variados, mas se devem a três fatores primordiais.
O primeiro deles tem relação com as taxas de juros mais elevadas. De 2020 para cá, vimos o Banco Central do Brasil elevar a Selic da casa de 2% para os 11,25% atuais.
Com retornos maiores na renda fixa, muitos investidores deixaram a bolsa de valores de lado e migraram para outras classes de ativos que não necessariamente estão sob o guarda-chuvas da B3.
Por outro lado, em 2023 tivemos o primeiro ano de governo Lula cheio de incertezas. Ainda que o atual presidente seja um velho conhecido do mercado e da população, o seu retorno foi e continua sendo cercado por dúvidas em relação à condução da política fiscal.
No primeiro ano de governo, o setor público registrou um déficit de R$249 bilhões e para 2024, o mercado já projeta um rombo de R$82 bilhões, que, na minha opinião, tem boas chances de ser revisado para cima durante o ano.
Esses dois elementos combinados contribuem para um ambiente de incertezas no qual os investidores acabam ficando mais cautelosos. E, quando isso se confirma, o perfil da carteira de cada um costuma ficar mais conservador ou, em outras palavras, mais defensivo.
O terceiro ponto se deve a um grande banco que lançou BDRs e os presenteou a clientes. Neste movimento, houve uma grande taxa de abertura de contas na B3.
Contudo, a instituição, passado algum tempo, voltou atrás na ideia e deu algumas opções para que os correntistas continuassem ou não com os ativos. Muitos optaram por se desfazer ou migraram os recursos para fora do país.
O resultado disso foi uma diminuição acentuada no número de contas ativas da bolsa.
Este movimento deve continuar a ocorrer?
A resposta é difícil, mas, como vimos, foi a primeira vez que o indicador recuou em sete anos. Isso me fez crer que este movimento tenha sido algo pontual.
O que é certo é que, ainda que os avanços tenham acontecido nos últimos anos, ainda estamos longe do ideal. E os números abaixo ajudam a ilustrar um pouco do que quero dizer.
Hoje, a população economicamente ativa do Brasil, ou seja, de pessoas que desenvolvem algum tipo de atividade remunerada, é estimada em 97 milhões de pessoas, de acordo com dados do IBGE.
Porém, o número de investidores não chega a 7 milhões, muito abaixo de países com economias mais desenvolvidas.
Por fim, podemos dizer que aos poucos os brasileiros têm percebido a importância de uma boa relação com as finanças e uma cultura de investimentos bem enraizada.
Para construirmos um país economicamente forte e com uma população rica, sem dúvidas, precisamos desse entendimento.
Porém, como eu disse, ainda temos muito o que evoluir.
Ter educação financeira nas escolas e dentro de casa é só o primeiro passo.
Pense nisso e até o próximo artigo!
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