Enfim, o “random walk” está presente, o preço de hoje é o preço de ontem mais os fatos novos de hoje, assim tem sido neste ambiente do mercado financeiro brasileiro em que não há fundamentos concretos para ancorar as expectativas otimistas, que conduz à margem a discreta certeza de que se o governo não consolidar as reformas imprescindíveis, não terá condições de superar a crise fiscal e nem de incrementar a retomada da atividade econômica.
À margem procura-se atribuir alguma influência de fatores externos, mas de fato as incertezas e dúvidas que provocam esta convicção que a perspectiva é binária são todos nossos, do Brasil mesmo, e há o imponderável do tempo que provoca ansiedade, que por vezes leva ao descontrole com projeções muito otimistas e, em outros momentos, provoca insegurança e desta forma, estes sentimentos mutantes provocam mutações no comportamento dos preços dos ativos e/ou nos seus indicadores.
Foi o CPI americano de 1,6% jan/jan? Vazou algo da proposta da reforma da Previdência? É o muro do Trump e a não paralisação do governo americano? É o avanço das conversações China-USA?. Etc, etc..... Há sempre um fato novo, verdadeiro ou não, que acaba como pano de fundo para justificar a volatilidade.
Mas a realidade indica que as incertezas e dúvidas em torno do próprio Brasil e suas necessidades imediatas, como as reformas imprescindíveis que visam destravar o país, representam as verdadeiras causas deste humor mutante, que é praticado no visível com um otimismo, mas no invisível está eivado de insegurança, por reconhecer que o embate do governo com Congresso Nacional e reações corporativistas e ideológicas será duro e longo, muito mais do que se possa imaginar.
Até quando haverá a necessidade de espera para que o país possa retomar ritmo firme e forte às aspirações dos principais setores da economia e ocorra o reposicionamento da geração de empregos, renda, consumo, arrecadação e crescimento efetivo do PIB? Esta é a questão!
E este fato que intranquiliza o cenário interno, seguramente vem influenciando o comportamento dos investidores estrangeiros que estão reticentes em relação ao Brasil, desapontando as melhores projeções que foram realizadas para este início de ano.
O ano de 2019 teve um fluxo cambial positivo pífio em janeiro, algo como líquido US$ 55,0 mi no total e financeiro de US$ 552,0 mi. Fevereiro sinaliza um fluxo cambial melhor, total positivo até dia 8 último de US$ 5,486 Bi, do qual US$ 3,079 Bi financeiro, muito aquém do imaginário.
Os bancos autorizados a operar em câmbio agora estão com suas posições vendidas no mercado à vista no total de US$ 19,315 Bi até o dia 8 e tem linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra tomadas do BC no montante de US$ 10,985 Bi.
No mercado futuro com postura marcada estrangeiros têm posições compradas, apostando na alta do dólar, enquanto fundos e bancos têm posições vendidas, apostando na queda do dólar.
Enfim, no mercado financeiro, incluindo a B3, há inúmeros posicionamentos e inúmeras crenças, mas ainda não há convicção nas tendências dada as incertezas.
E não há como se vislumbrar aprovações para as reformas, que ainda serão apresentadas pelo governo, tempo menor do que o 1º semestre, o que é muito para um país que tem pressa e necessidade de prover soluções para recompor sua dinâmica.
A expectativa é que com a saída do Presidente do hospital tudo ganhe agilidade, mas o imponderável do tempo necessário parece será o ponto maior de estresse para o mercado financeiro.
Tendências? Não há, mas ao que tudo indica a B3 terá sérias dificuldades para atingir o propalado 100 mil pontos, e ainda está distante a possibilidade do dólar a R$ 3,20/3,30, sendo muito mais viável entre R$ 3,70 a R$ 3,75.
O sucesso ou insucesso em torno das reformas será a linha de corte. Até lá a volatilidade perdurará, buscando-se sempre uma razão ou motivo crível ou não para justificar.