Em uma análise realizada pelo Índice de Atividade Econômica Stone (NASDAQ:STNE) Varejo, o mês de novembro apresentou uma nova alta no volume de vendas em comparação com o mesmo período do ano passado. A elevação de 2,1% no comparativo anual, registrada em novembro, representou um alívio após a queda no volume de vendas do setor observada em outubro. No entanto, é importante manter cautela em relação às perspectivas para o final do ano, pois a volatilidade nos resultados nos últimos meses e os diversos resultados negativos ao longo do ano aumentam as incertezas em relação ao fechamento de 2023.
Influência da Black Friday
O último trimestre é uma época crucial para o varejo, devido às datas comemorativas desse período. Nesse contexto, outubro iniciou o trimestre frustrando as expectativas, mas novembro apresentou um resultado positivo, possivelmente impulsionado pelas vendas da Black Friday e por um cenário macroeconômico mais favorável, caracterizado pela redução dos juros e bons indicadores de emprego.
Um dos destaques do mês foi o desempenho excepcional do setor de Móveis e Eletrodomésticos, que registrou o melhor resultado entre os setores analisados, com um aumento de 5,5% em comparação ao ano anterior. É razoável supor que uma parte significativa desse desempenho esteja relacionada ao atrativo da Black Friday.
Conforme o Giro Varejo, um relatório do Instituto Propague em colaboração com a Linx (BVMF:LINX3) que analisa os resultados do varejo em datas comemorativas, os eletrodomésticos figuraram entre as categorias mais procuradas durante a Black Friday. Destaca-se, especialmente, o aumento nas buscas por ar-condicionados, mais que dobraram em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Adicionalmente, o desempenho desse segmento pode estar correlacionado com o cenário macroeconômico, uma vez que geralmente envolvem utensílios de alto valor, sendo assim a situação financeira do comprador exerce considerável influência em sua decisão de compra. Nesse sentido, os resultados do mercado de trabalho e a diminuição nas métricas de endividamento das famílias podem ter contribuído para o positivo desempenho do segmento durante o mês.
O resultado positivo de novembro pode servir como um alento e impulsionar o setor, que aguarda ansiosamente pelos resultados de sua principal data comemorativa: o Natal. No entanto, é crucial exercer cautela ao analisar o cenário geral do varejo no Brasil ao longo de 2023, pois dados do acumulado do ano sugerem a possibilidade de encerramento com índices inferiores aos registrados em 2022.
Diagnóstico é de cautela quando se analisa o resultado agregado do ano
As expectativas para dezembro são positivas. Como mencionado anteriormente, além do cenário econômico otimista, historicamente, dezembro é um mês favorável para o varejo. No entanto, apesar disso, os resultados agregados do ano nos apresentam um cenário não tão otimista.
No acumulado do ano até novembro, observamos que o desempenho do varejo está inferior ao registrado em 2022. De acordo com o índice restrito, que exclui os segmentos de Material de Construção, Combustíveis, Veículos e Peças, e Atacarejo, o acumulado do ano apresenta uma queda de 2,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse resultado serve como um alerta de que é possível que o desempenho anual ainda termine abaixo do ano anterior.
No entanto, encerrar o ano com uma trajetória positiva (mesmo que não supere o resultado agregado de 2022) pode indicar um início mais promissor para o varejo no ano que vem. A melhoria contínua dos indicadores macroeconômicos, especialmente a redução do endividamento, que eleva a renda disponível das famílias para o consumo, é essencial para que 2024 traga resultados mais positivos para o varejo brasileiro.