Mais uma semana com o mercado realizando e consolidando. Após o Set-21 atingir a máxima do ano @ 157,30 centavos de dólar por libra-peso (no dia 06 de Maio) nos últimos 7 pregões o mercado oscilou -1.045 pontos. O Set-21 encerrou a semana @ 146,95 centavos de dólar por libra-peso. A máxima da semana foi atingida logo na segunda-feira @ 155,30 centavos de dólar por libra-peso e a mínima na quinta-feira @ 145,80 centavos de dólar por libra-peso. A média diária negociada ficou em +35,168 lotes.
Com o início das operações da colheita da safra 21/22 no Brasil as notícias altistas continuaram (e vão continuar) surgindo a cada novo dia. Produtores seguem reportando e confirmando problemas já esperados: queda na produtividade e na qualidade dos grãos (as fases da granação e enchimento dos grãos foram muito afetados pela falta das chuvas). Muitos produtores estão preocupados e aguardando para saber se vão conseguir entregar o café na qualidade vendida. Produtores já começam a ficar preocupados com os efeitos do “menor nível de chuvas em 91 anos”. Haverá restrições para uso de irrigação? Quais medidas serão tomadas pelo governo brasileiro para mitigar esse risco?
Alguns analistas estimam que o produtor já vendeu 93% da safra 20/21 e que continua com disponibilidade para realizar novas vendas e seguir abastecendo tanto o mercado interno quanto o externo até final de junho. Será?
A famosa “pergunta do milhão de dólares”: 93% sobre qual produção (uma vez que tivemos vários números da safra 20/21 estimados pela Conab, IBGE, bancos e corretoras entre 63-73 milhões de sacas)? Qual foi o tamanho real da safra 20/21 e qual será o real estoque de passagem? Esse café existe mesmo?
O IBGE** voltou a confirmar a expectativa para a safra 21/22 ao redor dos 46.7 milhões de sacas. E esse número continua variando entre 46,7-59 milhões de sacas! Esses números não estavam considerando os problemas com a qualidade/tamanho dos grãos! Essas notícias desencontradas seguem sustentando as cotações.
Os fundos continuam com o “controle remoto” em suas mãos, negociando com “um olho no peixe e o outro olho no gato”!
Mesmo com o grande volume negociado nos últimos 3 pregões da semana passada (média +57.185 lotes/dia quando o mercado deu “aquela disparada” e subiu +1.310 pontos) o último relatório do CFTC* indicou um aumento na posição dos “fundos+especuladores” em apenas +896 lotes para uma posição comprada em +41.185 lotes. Apesar desse número ter nos decepcionado, esse dado pode ser positivo pois indica que os fundos ainda tem espaço para comprar e superar +50.000 lotes no curto prazo.
A semana também deixou claro que no cenário atual o mercado não precisa de muitos lotes negociados em “um dia” para oscilar -500/+500 pontos.
Na segunda-feira, foram negociados “apenas” +32.236 lotes e o mercado caiu -520 pontos. Na terça-feira com “apenas” +31.287 lotes o mercado subiu +235 pontos. Já na quarta-feira (quando todos os mercados ao redor do mundo caíram após a publicação dos dados americanos sugerindo um aumento na inflação e a necessidade do Banco Central Americano ser obrigado a aumentar os juros) com “apenas” +40.671 lotes o mercado voltou a cair -355 pontos. Na quinta-feira oscilou +400 pontos, negociando “apenas” +36.264 pontos, e fechou com alta de +25 pontos. E, finalmente na sexta-feira com “apenas” +35.381 lotes o mercado oscilou -300 pontos e fechou com uma queda de -150 pontos.
Os dados acima podem ser considerados “irrelevantes”, mas demonstram como o mercado está sensível e arriscado! Num piscar de olhos os preços podem subir novamente +500/+1.000/+1.500 pontos ou “derreter” ainda mais rápido, caindo -1.000/-2.000 pontos.
A volatilidade é o nome do jogo para os grandes fundos e especuladores. Sem volatilidade não se ganha e não se perde dinheiro! Existem vários ditados como “tudo o que sobe desce”, “tudo o que desce sobe”, “mercado não sobe em linha reta”, “mercado não cai em linha reta” dentre outros…
Na semana passada o indicador Estocástico voltou a negociar acima dos 93% e isso voltou a ligar o “sinal vermelho” para uma realização de curto prazo. Com a queda durante a semana o mesmo indicador terminou a sexta-feira ao redor dos 34,5%. Nos últimos 15 dias o mercado subiu + 1.580 pontos e caiu – 1.060 pontos!
Acreditamos que o mercado estará atingindo os níveis “sobre-vendido” em breve. Os próximos suportes no Set-21 estão respectivamente @ 146,40 / 144,20 / 137,70 e 133,90 centavos de dólar por libra-peso. As resistências estão respectivamente @ 153,40 e 157,30 centavos de dólar por libra-peso.
O mercado segue monitorando o ritmo e os eventuais impactos com os problemas logísticos do Brasil (aumento nos custos logísticos, a falta de containers e espaço nos navios), a situação logística na Colômbia, os embarques do Vietnam, África, América Central; as condições climáticas nos principais países produtores, e principalmente as expectativas quanto a reabertura das economias no hemisfério norte para o próximo período do verão e em breve a chegada do outono/inverno americano/europeu.
Por enquanto a dúvida, a grande aposta, não é se vai faltar café para abastecer o consumo, a demanda reprimida, mas quando! Os spreads já começam a refletir esse cenário com o spread Março-22 x Set-22 trabalhando com apenas +155 pontos! O spread Julho-22 x Set-22 com apenas +30 pontos (esse spread já chegou a trabalhar negativo na semana passada).
O produtor brasileiro viu os preços recuarem na semana entre -100/-150 R$/saca (saindo dos 900/850 R$/saca para 800/750 R$/saca). Essa queda nos preços foi basicamente o resultado da queda nas cotações na bolsa de Nova Iorque e pela valorização do Real (na semana o Real chegou a negociar abaixo dos 5,20 R$/US$ e fechou @ 5,27 R$/US$). Já tem produtor com saudades quando o Real estava negociando a 5,80 R$/US$!
Seguimos construtivos para o curto prazo. Qualquer risco de geadas nos próximos 30-45 dias poderá fazer os fundos entrarem “pesado” no mercado e ativar novos “stops”. Se o mercado continuar oscilando +/- 500/1.000 pontos por dia poderemos ver a bolsa de Nova Iorque aumentar o valor da “chamada de margem inicial” por contrato forçando, tanto os comprados quanto os vendidos a ajustarem as posições.
Nossa preocupação no médio prazo continua sendo o mercado corrigir de forma rápida e o Set-22/Dez-22 voltarem para o patamar dos 120/110 centavos de dólar por libra-peso (resultando em preços para o produtor brasileiro entre 630-560 R$/saca).
Nossa recomendação para produtores, para a safra 22/23 e 23/24 continua sendo a a mesma da semana passada:
– Para safra 22/23 e 23/24 – aproveitem esse movimento de alta para já irem vendendo A FIXAR, garantindo o preço mínimo atual ao redor dos 850/950 R$/saca para o café tipo arábica e garantindo o preço mínimo ao redor dos 400/450 R$/saca para o café tipo robusta.
Procurem negociar com as cooperativas e tradings para realizar as vendas DOLARIZADAS, em Dólar/saca!
Acreditamos que chegou a hora para os produtores e cooperativas/tradings quebrarem os paradigmas de anos de comercialização “com travas fixas” e começarem a negociar com “travas a fixar, negócios longos em US$/Saca”. Os produtores precisam começar a entender e a trabalhar com as ferramentas de seguro existentes no mercado. A comprar “seguro” contra a baixa (as “Puts”, as “Put-Spreads”) e a realizar o “seguro” contra altas e eventuais quebras (através da compra das opções de compra “Calls” e/ou “Call-Spreads”).
Para o Set-22 fiquem atentos na compra do “Put-Spread” +140/-115 vendendo a “Call-Spread” -175/+200 com custo ao redor de 32 R$/saca (4,50 centavos de dólar por libra-peso com base no fechamento da sexta-feira). Essa estrutura garante ao produtor um preço entre 738-1,016 R$/saca (já descontando aqui o custo da compra da estrutura) e desde que o Set-22 feche acima dos 115 centavos de dólar por libra-peso e abaixo dos 175 centavos de dólar por libra-peso. Se o mercado negociar e fechar acima dos 175 centavos de dólar por libra peso e fechar acima dos 200 centavos de dólar por libra-peso o produtor estará em posição para participar da alta do mercado acima dos 200 centavos de dólar por libra-peso!
Como sempre, sejam prudentes! Protejam-se! Aproveitem as oportunidades! E cuidado: o inverno e os riscos das geadas ainda não começaram!
Ótima semana a todos!