Desde que Elon Musk assumiu o Twitter, novas redes sociais têm surgido e tentado tirar proveito de algumas vulnerabilidades que foram observadas na plataforma do magnata, como por exemplo a centralização das políticas e termos de uso da rede, visando assim abocanhar parte do mercado. E as alternativas do mundo descentralizado não ficam para trás, pelo contrário, figurando entre as principais potenciais competidoras do “pássaro azul”.
Elon, que assumiu o cargo de CEO pregando por “liberdade plena de expressão”, parece ter se esquecido de suas “promessas de campanha”. Sem entrar na pauta do acertado cumprimento das decisões judiciais proferidas por órgãos competentes, muitos usuários também seguem sendo banidos por razões inconsistentes e arbitrárias muitas vezes, além de relatos de autoritarismo na gestão do novo mandatário.
Adicione-se a este contexto o desenvolvimento do cenário Web3 e temos como resultado cada vez mais usuários procurando por redes sociais descentralizadas que sejam resistentes à censura e capazes de mantê-los responsáveis e donos de seus próprios dados, além de uma série de outros benefícios como privacidade, segurança, governança e uma criptoeconomia e governança descentralizadas.
Com isso, recentemente, o protocolo Nostr, criado em 2020 pelo desenvolvedor brasileiro sob pseudônimo de fiatjaf, tem ganhando cada vez mais as manchetes de portais especializados pela sua capacidade revolucionária de descentralizar as redes sociais e ser “censorship-resistant”. Ele utiliza um sistema muito parecido com o Bitcoin: enquanto o Bitcoin utiliza os nodes para descentralizar a rede, o Nortr utiliza “relays” que fazem a mesma função. Vale destacar que o app integra sua operação com a Lightning Network para pagamentos.
Agora, após a fama, sua utilidade como protocolo de código aberto que serve de base para redes sociais descentralizadas de alcance global passou a ficar evidente ao público. Qualquer um pode construir um app sobre a base do Nostr, e nestes aplicativos os usuários não poderão ser banidos ou censurados uma vez que os clients serão executados pelos próprios usuários. Antes disso, no entanto, era apenas um protocolo dentro de um nicho ainda silencioso que tentava apresentar uma solução para os problemas de plataformas como a de Musk.
Os desenvolvedores do protocolo chegaram a criar, sobre a estrutura da Nostr, um análogo do Twitter compatível com a Apple (NASDAQ:AAPL). Este foi o primeiro projeto realizado, chamado de Damus. Há também outros projetos que já foram construídos como por exemplo o Anigma, substituto do Telegram, e o aplicativo de xadrez Jester.
Se, inicialmente, parecia inofensivo à soberania de uma das maiores redes sociais do planeta, agora o Nostr talvez já seja responsável por fazer o ex e o atual CEO do Twitter divergirem. Por um lado, no dia 15 de dezembro, Jack Dorsey fez um aporte de 14 BTCs (aproximadamente US$ 236.000) para contribuir com o desenvolvimento do protocolo. Dorsey chegou a dizer que: “Isso (Nostr) é exatamente como o Twitter antes de chegar a 5 mil usuários, só que melhor”. Além dele, outros “bitcoiners” famosos aderiram à plataforma, como o fundador e presidente executivo da MicroStrategy (NASDAQ:MSTR), Michael Saylor.
Fonte: Twitter @jack
E até mesmo Edward Snowden reforçou a empolgação sobre a plataforma quando mencionou que o Nostr poderia substituir o Twitter e o Instagram, reafirmando a importância de se combater qualquer tipo de censura.
Por outro lado, a rede de Elon Musk segue banindo links de divulgação de competidores. Já na rede Mastodon, uma das alternativas ao Twitter, a rede Nostr causou tanto alvoroço que chegaram a incluí-la na lista de plataformas cuja divulgação de conteúdo tornou-se mais restrita ao lado de gigantes como Instagram e Facebook (NASDAQ:META). O tamanho da preocupação gerada nos concorrentes é desproporcional ao tamanho da Nostr atualmente, tendo em vista que a atividade de usuários ainda é bastante baixa. Nas últimas 24 horas, foram contabilizadas apenas 20.540 interações com o protocolo.
E até mesmo o Damus, que falamos anteriormente e que só foi lançado globalmente no último dia 31 de janeiro após obter aprovação para ser listado na App Store, foi banido na China por ordem da Cyberspace Administration of China (CAC) por “violar as leis nacionais de libedade de expressão” em menos de 48 horas. Ressaltamos que embora a Apple, atendendo ao pedido governamental, possa proibir aplicativos criados no Nostr de permanecer listados na App Store, não pode censurar o próprio Nostr em si.
Se o protocolo já vem abalando tantas estruturas de gigantes desde agora, o que dirá quando passar a ganhar adesão e crescimento. Caso consiga potencializar a angariação de indivíduos dispostos a executar os tais “relays” (ou servidores de retransmissão) a partir de algum mecanismo de incentivos oferecidos para tal, o potencial de crescimento da Nostr tende a ser imensurável, podendo desbancar gigantes do mundo de web2.