Quando a gigante do streaming Netflix Inc (NASDAQ:NFLX) divulgar seus resultados para o terceiro trimestre hoje, deverá mostrar que a forte queda no número de assinantes pagos no trimestre passado foi apenas um ponto fora da curva, e não uma nova realidade.
Os investidores puniram severamente a Netflix por seu baixo desempenho no segundo trimestre, ao fazer suas ações despencarem mais de 25% nos três meses seguintes — o pior desempenho entre as maiores ações de tecnologia durante esse período. O papel fechou cotado a US$ 284,25 ontem, bem abaixo da máxima histórica de US$ 423,21 atingida em junho de 2018.
O que mais afetou a ação foi a resposta desfavorável dos consumidores às elevações de preço da Netflix (NASDAQ:NFLX): a companhia perdeu assinantes nas regiões onde aumentou as mensalidades por seus pacotes de streaming.
Para muitos analistas, esse fato mostrou que o poder de precificação da Netflix (NASDAQ:NFLX) é limitado, impedindo que a empresa feche a lacuna entre suas receitas e despesas. Também significa que o caminho da companhia para a lucratividade pode não ser tão tranquilo quanto muitos analistas haviam precificado, principalmente no momento em que a empresa está queimando caixa e tomando empréstimos pesados para produzir novos conteúdos.
A concorrência está aumentando
O impacto nos resultados do 2T também forçou os investidores a levar mais a sério a concorrência iminente. A Walt Disney Company (NYSE:DIS) anunciou, em agosto, que está oferecendo um novo conjunto de serviços de streaming por apenas US$ 12,99 por mês, com um pacote que inclui programação de família, esportes ao vivo e uma grande biblioteca de programas de televisão. A Disney oferece o mesmo plano-padrão da Netflix (NASDAQ:NFLX) e está comercializando o serviço com desconto de US$ 3 em relação à sua versão premium.
A Apple Inc (NASDAQ:AAPL), outra concorrente no setor de streaming dotada de grande orçamento, planeja implementar o serviço de assinatura de filmes e TV chamado Apple TV+ até novembro, cujo preço deve ser de apenas US$ 9,99 por mês, de acordo com notícias da Bloomberg. A AT&T Inc (NYSE:T) e a NBCUniversal, pertencente à Comcast Corp (NASDAQ:CMCSA), também planejam oferecer suas versões de streaming, visando acabar com o monopólio da Netflix (NASDAQ:NFLX).
Esses riscos definitivamente tornam a Netflix (NASDAQ:NFLX) em uma aposta arriscada no curto prazo, mas não significa que a companhia tenha perdido completamente sua base de fãs. A Netflix tem um sólido histórico de superação das expectativas. Para o 3T, a companhia projeta adicionar 7 milhões de novos assinantes pagos, em comparação com os 2,7 milhões adicionados no período anterior.
Se a empresa conseguir adicionar mais clientes do que o projetado e continuar lançando novos conteúdos capazes de fidelizar os espectadores, podemos esperar alguma recuperação na ação.
Conclusão
A trajetória ascendente das ações da Netflix (NASDAQ:NFLX) se deu, em grande parte, sem muitos sobressaltos nos últimos anos. A companhia registrou uma média de 27% de crescimento anual de assinantes pagos ao longo de cinco anos.
Mas, com a concorrência iminente, a elevação de custos com conteúdos e a saturação no mercado doméstico, o caminho adiante não será nada fácil.
Em nossa visão, os investidores continuarão evitando a Netflix (NASDAQ:NFLX) até que vejam um sinal claro de que a empresa está se segurando bem e pode defender o seu território. Uma retomada no crescimento de assinaturas no segundo semestre será um fator importante para aumentar a confiança dos investidores.