Os mercados ainda estão acostumados com a era do dinheiro fácil. Depois de um longo período de juros zeros (ou até negativos), os investidores buscam fontes de recursos adicionais e sem risco. A punição das ações da Petrobras (BVMF:PETR4), que continuou ontem, é um exemplo claro disso. Agora, a bola volta para o campo dos bancos centrais.
Dados de inflação ao consumidor no Brasil e nos Estados Unidos em fevereiro estão em destaque nesta terça-feira (12) e devem calibrar as apostas em relação aos próximos passos do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom). Ambos se reúnem na semana que vem para decidir sobre a taxa de juros.
São, portanto, os últimos dois grandes indicadores antes da próxima Super Quarta. Enquanto o IPCA pode alterar a mensagem sobre o rumo da taxa Selic, o CPI ajuda a determinar quando começam os cortes nos Fed Funds. Por ora, as expectativas seguem firmes em juro básico de um dígito por aqui e alívio monetário por lá a partir de junho.
À espera dos números efetivos, os ativos de risco no exterior não exibem uma direção única - movimento que vem desde a Ásia e se repete em Nova York, mas não na Europa. O petróleo avança, mas a nova queda nos preços do minério de ferro negociado em Dalian deve pesar nas ações da Vale (BVMF:VALE3) hoje, que ontem juntou-se à Petrobras no campo negativo.
Os ruídos políticos em torno da sucessão na mineradora e da decisão da petrolífera de não pagar dividendos extraordinários aos acionistas para ajudar nas contas públicas arrastaram o Ibovespa para baixo. No mês, o principal índice acionário da bolsa brasileira acumula perdas de mais de 2% e, no ano, recua 6%. O dólar, por sua vez, segue estável.
Esse ambiente local de maior aversão ao risco reflete o temor dos investidores de populismo fiscal somado à intervenção do governo nas empresas, em meio à queda na popularidade do presidente Lula. Com isso, a promessa de déficit zero e de queda dos juros se esvazia, diminuindo as opções de investimento e o apetite por risco.
-----------
Encontre dados avançados sobre ações do mundo inteiro com o InvestingPro. Para um desconto especial, use o cupom INVESTIR para as assinaturas anuais e de 2 anos do Pro e Pro+