Costumamos mencionar que “os números falam e precisamos ouvi-los” e a queda acima de 6% do desempenho do varejo no confronto entre dezembro e novembro últimos é inconteste na sua expressão.
O peso dos programas assistenciais na dinâmica de consumo ao longo do ano passado até novembro foi total, e, deixa bastante evidente de forma inconteste que os programas assistenciais às populações carentes foram as molas propulsoras do bom desempenho do varejo ao longo do período.
Frequentemente mencionamos que os programas assistenciais transformaram “não consumidores” em “consumidores”, que promoveu o destaque das empresas do e-commerce e um “silêncio” em torno das pressões inflacionárias nos produtos da cesta básica, já que quem estava assumindo a conta era o governo.
Findos os programas e o último mês de vigência do benefício denuncia que o potencial do consumo, ainda na fase por expectativa e precaução, foi severamente afetado e o será muito mais na sequência dos meses.
O governo e tantos outros sabem desta dura realidade, razão pela qual há tanto ruído em torno do restabelecimento do programa assistencial, sem o que a pobreza aumentará muito e a economia terá reflexos negativos em seus ensaios de restabelecimento das atividades.
Este indicador do varejo coloca pressão sobre os governantes e dá razões para algumas extravagâncias perigosas, mas o mercado financeiro está atento e nem sempre conforme, mas o fato é que o programa não se sabe com que dimensão sairá e o Presidente precisa retomar o protagonismo e autoria que está ameaçado pela iniciativa do Presidente do Congresso.
A aprovação do projeto do BC independente é certa, mas não devemos esperar um Federal Reserve brasileiro, visto que por muito tempo ainda permeará a relação do mesmo com o Ministério da Economia e com a própria Presidência de relativa subordinação, sendo que este novo “modus operandi” requer ocupação do cargo por alguém independente e que possa confrontar com os demais setores constituídos do governo, e, “a priori” esta perspectiva ainda estará distante, inicialmente será, certamente, responsabilizado pela inércia da atividade econômica e desemprego, que estará recebendo como legado.
Em nossa visão durante o período de discussões em torno do novo programa assistencial o mercado permanecerá mais defensivo para avaliar o “grau de criatividade” e suas repercussões no risco fiscal brasileiro, enquanto o novo BC independente demandará expectativas iniciais, otimistas, mas sem provocar exacerbações e avaliando os espaços que, no princípio, poderão ser conflitantes já que haverá mutação nos poderes e isto enseja novas práticas.