- Pequim descarta rumores sobre retomada de negociações.
- Clima de aversão ao risco volta a dominar e impulsiona ativos de proteção.
- Futuros de índices nos EUA operam em baixa.
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Um dia após o movimento de recompra que sucedeu o “Sell America”, os mercados voltaram a ceder. Os contratos futuros de índices nos EUA, assim como os principais benchmarks globais, devolveram os ganhos recentes diante da percepção renovada de que a resolução da disputa comercial entre Estados Unidos e China continua longe de um desfecho claro. O otimismo, como se viu, foi passageiro.
Declarações vindas de ambos os lados contribuíram para o aumento da aversão ao risco, reacendendo a cautela entre os investidores. O vaivém nas manchetes deve continuar, mantendo a volatilidade elevada, terreno fértil para traders, mas desafiador para quem carrega posições com horizonte mais longo. Nesse contexto, a negociação baseada em níveis técnicos segue como a abordagem mais pragmática.
Análise técnica e perspectivas do Nasdaq 100
Embora o recente alívio nas cotações do Nasdaq 100 tenha trazido algum fôlego, o cenário técnico de médio prazo permanece indefinido. O índice ainda encontra resistência na linha de tendência descendente, um obstáculo que, até agora, se mostrou resiliente. Sem um rompimento firme e sustentado acima dessa faixa, o viés técnico segue neutro a baixista. Para que uma visão mais construtiva se consolide, será necessário observar topos ascendentes com consistência.
No momento da redação, os contratos futuros do Nasdaq 100 apresentavam leve recuperação a partir das mínimas intradiárias, mas novamente encontravam dificuldade para superar resistências.
O intervalo entre 19.140 e 19.400 pontos representa a principal zona de pressão vendedora, onde a linha de tendência de baixa converge com uma antiga região de suporte. Um rompimento desse patamar pode abrir espaço para um movimento em direção aos 20.000 pontos.
Do lado negativo, o primeiro suporte relevante aparece na mínima da sessão anterior, em 18.623 pontos. Se houver quebra desse nível, os preços podem buscar a região de 18.350 pontos, que corresponde a um antigo gap de resistência. Suportes adicionais se encontram em 18.000 e 17.580 pontos.
Declarações de Bessent esfriam otimismo, enquanto China mantém postura firme
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi responsável por um novo banho de água fria nos mercados ao afirmar que não há motivos para esperar avanços significativos nas negociações comerciais. Por sua vez, o governo chinês confirmou que não há conversas formais em andamento. O discurso contrasta com o tom mais conciliador adotado por Trump dias antes, que havia reacendido expectativas e impulsionado um rali momentâneo nos mercados globais.
Com as falas de Bessent, o movimento de venda de ativos americanos retornou. Os futuros dos principais índices recuaram, o par USD/JPY caiu 0,7% e o ouro voltou a subir, impulsionado pela busca por proteção. O euro/dólar, por sua vez, testava a região de 1,14.
Trump chegou a sugerir a possibilidade de novas tarifas sobre produtos chineses nas próximas semanas, enquanto Bessent indicou que não há qualquer perspectiva de acordo no curto prazo. Ele mencionou desequilíbrios estruturais que, segundo ele, podem levar “anos, e não meses” para serem resolvidos, o que levanta dúvidas sobre a disposição de ambas as partes para concessões reais.
O Ministério do Comércio da China respondeu rapidamente, exigindo que Washington remova todas as tarifas unilaterais antes de retomar as negociações. Segundo Pequim, declarações não bastam, o que se espera é coerência, compromisso e um negociador formal por parte dos EUA. Até lá, o que se deve esperar é mais retórica do que avanços concretos.
Alphabet (NASDAQ:GOOGL) divulga resultado após o fechamento, mas tensões comerciais dominam cenário
As tensões comerciais acabaram ofuscando a temporada de balanços, embora diversos resultados relevantes tenham sido divulgados. A IBM (NYSE:IBM) decepcionou e recuava no pré-mercado. Na Europa, a Unilever (LON:ULVR) superou expectativas com suas vendas, enquanto a Nestlé teve desempenho mais fraco. Já o BNP Paribas (EPA:BNPP) não convenceu, pressionado por lucro abaixo do esperado.
Em Nova York, os números de PepsiCo (NASDAQ:PEP), Procter & Gamble e American Airlines (NASDAQ:AAL) serão conhecidos antes da abertura. No entanto, todas as atenções se voltam para a Alphabet, controladora do Google, que divulga seu balanço fiscal do primeiro trimestre após o fechamento.
O clima geral ainda é de cautela, com as preocupações macroeconômicas superando os impactos microeconômicos dos balanços.
Após o fechamento, o mercado estará atento não apenas ao desempenho recente da Alphabet, mas principalmente às sinalizações para os próximos trimestres.
Embora os analistas não esperem impacto imediato das tarifas nos números do primeiro trimestre, seja em receita ou em lucro por ação, o ponto de maior interesse recai sobre as projeções futuras. O mercado buscará pistas sobre os eventuais efeitos da deterioração geopolítica no segundo semestre.
Outro fator de incerteza é o cenário da publicidade digital. Agências têm revisto suas estratégias de investimento em mecanismos de busca, à medida que usuários passam a buscar informações por meio de ferramentas baseadas em inteligência artificial generativa e redes sociais.
Para o trimestre encerrado, o consenso da Bloomberg aponta para um lucro por ação de US$2,01, com receita total estimada em US$89,1 bilhões.
***AVISO: Este artigo tem fins meramente informativos e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.