Por Rebeca Nevares, sócia-fundadora da Ella’s Investimentos
Você não leu errado! Quem investe em ações, ou melhor, quem compra ações é especulador. Investidor é aquele que estuda e faz aportes constantes em ativos de boas empresas com foco no longo prazo. O objetivo central é fazer com que o dinheiro trabalhe para você. Por isso, é importante olhar para o negócio em si e esquecer um pouco do Ibovespa.
O resultado do índice é influenciado pelo maior peso dado para apenas algumas companhias e setores. Ou seja, se um papel sem grande relevância apresentar boa performance, o reflexo na pontuação será mínimo.
Um exemplo muito interessante é o da Magazine Luiza (SA:MGLU3). Se pegarmos o desempenho das ações da varejista nas últimas 52 semanas, veremos que houve uma valorização de 77% contra depreciação de 22% do Ibovespa. Dito isso, reforço: Não compre ações, compre empresas!
É muito importante olhar para a lucratividade e saúde das organizações. Investir é quase como adquirir um carro. É preciso observar vários detalhes antes de fazer a compra. Os resultados financeiros, participação no mercado, governança e qualidade da gestão são apenas alguns pontos. Em muitos casos, a ajuda de um profissional especializado será necessária, pois avaliar um negócio não é tarefa muito simples.
Isto é importante, pois, no longo prazo, o preço do ativo acompanha o lucro da companhia e uma boa análise pode aumentar a sua rentabilidade final. Uma estratégia muito eficiente é investir uma pequena quantia todos os meses e não fazer movimentos constantes de compra e venda.
No livro “O Investidor Inteligente” de Benjamin Graham, existe um estudo que comprova o que estou dizendo. Quanto mais impaciente o investidor, ou seja, quanto mais movimentações ele realiza, menor tende a ser o seu retorno.
No atual cenário causado pelo coronavírus, ainda temos muitas incertezas no mercado. Por isso, é importante selecionar bem os ativos antes de investir, sobretudo em um momento no qual a volatilidade está bastante alta.
Se você já tem uma carteira montada e não sabe bem o que fazer agora, pergunte a si mesmo: estou investindo em ações ou em empresas? Não se importe se você precisar vender ativos que desvalorizaram muito para recompor o seu portfólio com outras companhias mais resilientes e com boas perspectivas para superar a crise. Reavalie a sua estratégia!
Gestores profissionais não ficam paralisados esperando os ativos voltarem para os preços antigos. Eles reposicionam o portfólio e alocam os recursos em empresas que estão melhores diante do cenário. Faça o mesmo!