Os mercados parecem mesmo convencidos de que os juros nos Estados Unidos vão começar a cair em breve e que cortes mais profundos na Selic levarão a taxa básica para abaixo de dois dígitos. Só o tempo dirá se isso faz sentido. Mas, por ora, os investidores querem acreditar nisso.
De nada adiantou a tentativa do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em adotar um tom mais agressivo em seu discurso na sexta-feira (1º). Os mercados agarram-se na observação de que a política monetária dos EUA está agora “em território restritivo”, o que foi entendido como um sinal de que o próximo passo será afrouxar.
Da mesma forma, foi a afirmação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o cenário é reavaliado a cada reunião que animou os negócios por aqui. O Ibovespa começou dezembro com pé direito, cruzando os 128 mil pontos e alcançando o maior nível desde 14 de julho de 2021. Já o dólar caiu abaixo de R$ 4,90.
No ano, a valorização da bolsa brasileira já ultrapassa 15%, enquanto a moeda norte-americana acumula queda de 7,5% frente ao real em 2023. Nesta manhã, o sinal negativo prevalece entre os índices futuros das bolsas de Nova York e também no petróleo, o que pode testar o rali de fim de ano dos ativos de risco.
O petróleo é nosso
O noticiário corporativo mantém a Petrobras (BVMF:PETR4) em evidência, em meio ao bate-cabeça entre o presidente Lula e o CEO Jean Paul Prates. Enquanto os dois discutem a viabilidade de uma subsidiária no Oriente Médio, agora que o Brasil está na Opep+, os venezuelanos apoiam a decisão de tomar parte da Guiana, em uma área rica em petróleo.
PIB e payroll agitam semana
A agenda desta semana traz como destaque o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano, amanhã (5). Dados de atividade no exterior também chamam a atenção. Já nos EUA, o foco se concentra em dados de emprego, com o destaque ficando para o relatório oficial do mercado de trabalho (Payroll), na sexta-feira (8).
Antes, merecem atenção o relatório Jolts sobre a oferta de vagas (5), na terça-feira (5), e o relatório ADP sobre o emprego no setor privado, no dia seguinte. Além disso, na China, saem os números da balança comercial na quinta-feira (7) e os dados sobre a inflação ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI), um dia depois.