Dentro das finanças comportamentais, uma das heurísticas estudadas pelos profissionais é a aversão à perda (loss aversion, em Inglês), que trata do sentimento vivenciado pelo investidor ao se deparar com prejuízos dentro do mercado financeiro.
Partindo do princípio que todo o investidor age impulsionado pelo desejo de auferir ganhos, a ideia de assumir prejuízos é muitas vezes subestimada e quando vivenciada tende a causar um misto de sentimento de frustração e medo, o que sobrepõem a racionalidade na tomada de decisão, fazendo com que o investido segure uma posição, mesmo sem chance de retorno, do que realizar o prejuízo.
Sigmund Freud, um dos primeiros a narrar este tipo de comportamento fala “em geral, a tarefa de evitar o sofrimento coloque a de obter prazer em segundo plano" (FREUD,1930, p.85), Kahneman e Tversky (1979) mostram que a dor da perda impacta mais o ser humano do que o prazer de um ganho equivalente, em uma relação de cerca de duas vezes.
Este comportamento reflete a frase utilizada pelos holders, “Só perde dinheiro quem vende”, isto porque enquanto o investidor acreditar, mesmo que minimamente, que o preço vai retornar o seu subconsciente o conforta dando a falsa sensação que o dinheiro de fato não foi perdido, fazendo com que o investidor procure evitar possíveis perdas e não eventuais ganhos em outras oportunidades se tivesse encerrado e trocado de papel.
Assim, a aversão à perda trata diretamente do impacto do investidor a evitar sentir a frustração de perder dinheiro arrastando operações negativas, mas não somente isto, esse comportamento também impacta nos ganhos, o medo de perder dinheiro faz com que operações com ganho curtos sejam encerradas de forma precoce.
Da mesma forma com que o investidor não quer encerrar operações negativas para não sentir a dor de perder dinheiro, ele encerra operações de forma antecipada acreditando que o curto ganho vai ser perdido por uma reversão do mercado. Neste viés a dor da perda é sentida com muito mais intensidade do que a euforia do ganho, o que vai de encontro com um estudo realizado por Alisa G. Brink e Frederick W. Rankin (The Effects of Risk Preference and Loss Aversion on Individual Behavior under Bonus, Penalty, and Combined Contract Frames 2013) para o American Accounting Association concluiu que os investidores preferem opções que tenham retorno equivalente menores do que opções com eventuais prejuízos quando trata-se de experimentar prejuízo.
Mas afinal, é possível limitar os efeitos da aversão à perda?
Sim, é possível, trata-se mais de um estado racional que emocional, Kahneman (2009) diz que as pessoas correm riscos por não saberem que estão correndo riscos. Assim, o investidor, na tomada de decisão, deve se basear em fundamentos lógicos e racionais, levando em consideração os riscos e os cenários possíveis. Como, por exemplo, ao comprar a ação de uma empresa ter clareza dos motivos que o levaram a comprar, tanto para swing trade ou composição de uma carteira a longo prazo. Para cada tipo de estratégia os fundamentos que irão levar a tomada de decisão de manter ou sair da ação deve ser analisada de forma racional e não se deixar influenciar por emoções.