A última semana foi marcada pela aversão ao risco em meio à decisão do Governo de criar manobras para furar o teto de gastos para financiar o aumento do Auxilio Brasil, o que causou a debandada da equipe econômica e rumores sobre a saída de Guedes.
O mercado recuperou parte das perdas na sexta feira, após a entrevista de Guedes afirmando que ficaria no Governo e assegurando que o aumento do Auxílio Brasil não passaria dos R$ 400.
Esta semana o Ibovespa abriu recuperando parte das perdas, com a Petrobras (SA:PETR4) protagonizando as altas, após o Ministério da Economia anunciar que estuda projeto de lei para venda de parte das ações da companhia que também anunciou de um novo reajuste no preço dos combustíveis. As empresas de petróleo e energia devem continuar em alta neste momento.
Muitas ações do Ibovespa estão “baratas” em meio ao aumento do risco fiscal, que aumenta a pressão inflacionária e compromete as expectativas de crescimento para 2022. Mas quais setores da economia são beneficiados e quais são prejudicados neste cenário?
Esta semana deve acontecer a votação da PEC do Precatórios que prevê um adiamento no pagamento dos Precatórios e uma mudança na forma de cálculo do teto de gastos, que abriria um espaço de R$ 100 bi extra teto, bem mais que os R$ 47 bi necessários para financiar o aumento do Auxílio Brasil.
A grande preocupação do mercado é que o rombo fiscal não está limitado ao aumento do Auxílio Brasil. Os R$ 50 bi extras provavelmente seriam destinados a “Emendas Parlamentares” em ano eleitoral.
Este aumento de gastos do Governo pressiona ainda mais a inflação e os juros, em um cenário em que o IPCA já ultrapassa a meta e chega a 10% nos últimos 12 meses.
Diante da piora no fiscal, o Governo precisa elevar os juros, pagando um prêmio maior de risco pra financiar a dívida diante da necessidade de controlar a inflação.
Na Sexta Feira, Guedes “passou a bola” para o Banco Central, deixando o recado de que estaria atrás da curva de juros e deveria correr atrás para levar a inflação a meta.
Hoje é o primeiro dia da reunião do Copom, que anuncia amanha após o fechamento do mercado a decisão sobre a política monetária, e o mercado aumentou suas apostas para um aperto maior dos juros.
A aposta do mercado é que o BC terá que acelerar o ritmo de alta da Selic, para 1,5 p.p. em meio a piora da situação fiscal.
A expectativa de um Copom mais hawkish nesta semana ajudou o dólar, que atingiu os R$ 5,75 na semana passada, com aumento da procura por hedge e da fuga de dólares do país.
As apostas de um aperto maior nos juros favorece o fluxo do “smart money” para aproveitar os juros mais elevados no país e alivia um pouco a pressão no dólar.
Diante deste cenário de juros mais altos, os papéis de empresas de consumo e varejo e da construção civil, apesar de baratos, devem ser deixados um pouco de lado pelo mercado neste momento.
Também podem influenciar o setor de consumo e varejo os dados do Caged, que serão divulgados nesta terça-feira (26) e mensuram os empregos e desempregos no país que servem para medir o aquecimento da economia e criar perspectivas para o consumo.
Por outro lado, os papéis das seguradoras, que também estão com os preços descontados, se beneficiam do cenário de juros mais altos, e devem subir em meio ao aumento das expectativas de lucros.
Por falar em lucros, está começando a temporada de balanços, que deve continuar mostrando bons resultados, e deverá ajudar a corrigir muitos papéis que se encontram sobrevendidos diante da aversão ao risco.
Graficamente, o Ibovespa, assim como muitos papéis, deixou um belo martelo no gráfico diário na sexta feira, que foi confirmado nesta segunda, indicando um movimento de alta, pelo menos no curto prazo.
O mercado deve corrigir parte das perdas da última semana, mas ainda não reverteu a tendência de baixa. O Ibovespa ainda precisa de fluxo comprador para romper a linha de tendência de queda e confirmar essa reversão no médio prazo.
O cenário favorece operações mais curtas, de swing trade, mas ainda não é firme para operações de longo prazo. Fique de olho.