As ações da Alphabet Inc (NASDAQ:GOOGL), empresa controladora do Google, não tiveram o mesmo desempenho de outros papéis do setor em 2019. Uma série de preocupações pressionou essa gigante da informação e dos conteúdos na internet, como o escrutínio regulatório e a maior concorrência pela publicidade online.
Ao contrário de outros expoentes da tecnologia, como o Facebook (NASDAQ:FB), a Microsoft (NASDAQ:MSFT) e a Apple (NASDAQ:AAPL), cujas ações subiram mais de 45% até agora em 2019, o Google acabou ficando para trás. Até quarta-feira, suas ações se valorizaram cerca de 27% no ano. Sem dúvida, é uma valorização expressiva, mas nem tanto se comparada com a da concorrência.
Mudança de direção
Após os acontecimentos desta semana, no entanto, os investidores esperam que esse baixo desempenho tenha chegado ao fim. Na terça-feira, os fundadores da empresa, Larry Page e Sergey Brin, anunciaram que deixarão a diretoria da controladora Alphabet, encerrando seu envolvimento diário na companhia.
Sundar Pichai, CEO do Google, também ficará à frente da Alphabet, segundo anúncio da empresa. Essa mudança no topo permitirá que Pichai controle a expansão dos negócios do conglomerado, inclusive a unidade de carros autônomos Wymo, além de novos esforços em tecnologia da saúde. Page e Brin continuarão sendo acionistas controladores e participando do Conselho de Administração.
Os dois publicaram uma nota revelando a mudança:
“Agora que a Alphabet está bem estabelecida e o Google (NASDAQ:GOOGL), além de outras empresas independentes, estão operando com eficiência, acreditamos que este é o momento certo para simplificar nossa estrutura gerencial.”
“Nunca nos utilizamos de nossas funções gerenciais quando acreditávamos que havia uma forma melhor de conduzir a empresa. E a Alphabet e o Google não precisam mais de dois CEOs e um Presidente.”
Desde que o Google concluiu sua reorganização na forma da holding Alphabet, em 2 de outubro de 2015, o valor de mercado da empresa controladora mais do que dobrou, atingindo cerca de US$ 911 bilhões. Uma impressionante corrida de alta de uma década (a companhia abriu seu capital em meados de 2004) deixou os primeiros investidores do Google ricos, e os retornos entregues pela companhia superaram em muito os gerados pelo mercado mais amplo naquele momento.
Mas a jornada deste ano foi repleta de obstáculos. O Google está sendo muito pressionado por causa de concorrentes como a Amazon.com Inc (NASDAQ:AMZN), que ameaçam roubar uma parcela maior dos seus negócios publicitários na internet. Além dessa ameaça, diversos órgãos reguladores nos EUA começaram a investigar supostas práticas anticoncorrenciais da companhia.
Desaceleração das receitas com publicidade
Os bons resultados do Google também estão dando sinais de pico. A receita da Alphabet com publicidade no terceiro trimestre atingiu o recorde de US$ 33,9 bilhões, mas ficou abaixo das expectativas dos analistas, em meio aos pesados investimentos da empresa em computação na nuvem, vistos como essenciais para seu futuro crescimento, mas que ainda estão atrás de ofertas similares no mercado, como as da Amazon e Microsoft.
Apesar desses desafios, os investidores estão gostando das mudanças na gerência e acreditando no trabalho do indiano Pichai, que agora está totalmente a cargo desses complexos negócios e tem a discrição como principal característica do seu estilo gerencial.
“Daqui para frente, a história será muito mais simples: Sundar é o único xerife na cidade”, escreveram os analistas da Evercore ISI em uma nota após a mudança. O novo CEO, que já está no Google há 15 anos, destacou-se enquanto liderava o desenvolvimento do navegador Chrome da empresa.
Resumo
O Google é uma empresa com uma vantagem competitiva tão grande que é quase impossível desafiá-la. Mais de 90% de todas as pesquisas na internet são feitas através do Google e da sua subsidiária, o YouTube. Todos os dias, o Google processa 3,5 bilhões de pesquisas, o que faz com que sua plataforma seja a mais valiosa para os anunciantes.
Dito isso, acreditamos que a Alphabet ainda precisa se diversificar. Os empreendimentos além do Google precisam se tornar rentáveis para acabar com as preocupações dos investidores em relação à concentração de mais de 90% das receitas em apenas uma linha de negócios. A atual mudança na gerência pode muito bem ser um catalisador para acelerar esse processo.