O sentimento crítico dos avanços e recuos em torno da probabilidade de aprovação da Reforma da Previdência é efetivamente uma espécie de “termômetro” do mercado, e, a partir de ontem o movimento pendular denota maior consistência positiva, sinalizando fortemente que pode ter sido atingido o ponto de inflexão para positivo da formação de preço dos ativos no mercado financeiro.
Após os eventos públicos mais recentes ficou bastante evidente que o Governo não está tão só como parecia, e, o que foi denominado como “pacto entre os Poderes” consolida mudança de postura pró-Brasil, por isso é dado relevância ao fato.
No nosso entendimento, a despeito da propagação de entendimento dúbio e, até certo ponto, focando minimizar a importância do fato, a nossa compreensão é de que a manifestação dos representantes dos Poderes sinaliza um comprometimento com o alinhamento de foco e ação mais dinâmica em torno das matérias fundamentais ao país, sem, contudo, haver qualquer renúncia de suas competências e o direito de discordar, o que valida inclusive a participação do STF.
Então, tudo sugere que teremos menos “entretantos” e mais objetividade no trato das matérias de relevante interesse ao país, e isto representa um grande avanço, já que houve a perda de efetividade nos cinco primeiros meses do ano, com absoluta dispersão de esforços com perda expressiva da percepção sobre o que é mais importante e o que é secundário.
O novo cenário sugere forte alento para as perspectivas ao longo dos próximos sete meses, deixando a possibilidade de a economia retomar dinâmica e evitar uma deterioração maior do crescimento do PIB deste ano, fortemente prejudicado no 1º trimestre deste ano, e incentivar o investimento produtivo e estrutural, gerando emprego, renda e consumo, e, naturalmente arrecadação.
É crescente a convicção de que JUNHO pode ser o ponto marcante da inflexão do todo o cenário com viés negativo prevalecente até o momento, reacendendo o otimismo.
O último dia do mês de maio pode ser o marco divisório desta virada no cenário brasileiro.
Naturalmente, a sensatez recomenda que se espere esta reversão, inflexão, de forma gradual, porém consistente numa rota sem volta, estimulando assim a efetiva retomada da atividade econômica do Brasil, deixando-o menos vulnerável.
O fato mais notório e de rápida repercussão será a recuperação de preço do real frente ao dólar, tema que tem repercussões imediatas na economia do país e no sentimento popular, que no novo ambiente neutraliza a possibilidade dos estrangeiros, em especial, continuarem desenvolvendo a forte e desenfreada especulação praticada no mercado futuro de dólar, com o mote da previsão do caos.
Embora haja sinalização de perda de suporte de preço por parte da moeda americana no nosso mercado, a queda mais expressiva deverá ocorrer a partir do início do mês de junho, tendo em vista que estamos no período de virada do mês, quando se ajustam as posições com base no Ptax que ocorrerá no dia 31, e que ainda deverá motivar movimento de resistência dos especuladores a partir do mercado futuro para conter depreciação maior do dólar frente ao real e assim evitarem registrar perdas mais acentuadas.
Mas, a partir de junho parece insustentável a continuidade do movimento especulativo, que deverá se fragilizar, ainda que gradualmente, mas de forma consistente, conduzindo o preço da moeda americana de forma sustentável a abaixo do preço de R$ 4,00 com viés acentuado de tendência até R$ 3,80/3,75 em linha com a percepção favorável em torno da tramitação da Reforma da Previdência.
A BOVESPA também deverá iniciar uma nova fase de maior sustentabilidade do seu viés de alta, tendo em vista que começarão a serem validadas expectativas mais favoráveis para a retomada da atividade econômica, fundamental para o mercado acionário, e, a registrar gradualmente o retorno dos investidores estrangeiros.
Esta mudança de perspectiva se confirmada poderá determinar que o COPOM venha a reduzir ou no mínimo sinalizar próxima redução da taxa SELIC, com o objetivo claro de incentivar o investimento e alavancar o crescimento/desenvolvimento do país.
E, naturalmente, com o ambiente mais ameno mais harmonioso e com maior foco na recuperação da atividade econômica do país, poderão então surgir discussões efetivas sobre a Reforma Tributária, outro ponto extremamente importante para o desenvolvimento do país.
O fluxo cambial divulgado hoje pelo Banco Central do Brasil, tabulando dados até o último dia 24, deixa evidente o ambiente de total tranquilidade no mercado de câmbio à vista e consolidando a percepção de que no dólar só há movimento especulativo no mercado futuro de dólar, orquestrado fortemente pelos compradores estrangeiros, tendo em contraposição como vendedores os bancos, que, como destaca o Boletim Focus, não sancionam a sustentabilidade dos preços atuais e, tanto quanto nós, têm previsão de preço da moeda americana no nosso mercado, ao final do ano, em torno de R$ 3,75/3,80.
Até o dia 24 o fluxo cambial do mês está positivo total em US$ 1,614 Bi, sendo positivo no comercial em US$ 1,235 Bi e positivo no financeiro em US$ 378,0 mm. No ano o fluxo cambial é positivo em US$ 4,432 Bi, com positivo comercial de US$ 9,798 Bi e negativo financeiro de US$ 5,366 Bi.