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Morte, Vacinas e Orçamento no Impasse

Publicado 07.04.2021, 09:26
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Iniciamos esta quarta-feira lamentando mais um recorde no número de mortes diárias apurado em 24 horas, ontem (dia 6) no Brasil. Superamos as 4 mil mortes (4.195), comparando, 40% do total no mundo, acumulando 336.947 desde o início da pandemia. Isso nos coloca, sim, no epicrentro da pandemia global. 

Em paralelo, seguem-se os esforços de vacinação. Ontem (dia 6), foi o segundo melhor dia, com 972 mil doses, menor apenas do que em 01/04 (1,04 milhão). A média móvel de sete dias, no entanto, seguiu baixa, 670 mil. Se pretendemos imunizar à todos os “prioritários” (36% da população, 77,5 milhões), o ritmo de vacinação precisa se elevar a 1,5 milhão de doses ao dia. Ou seja, precisamos dobrar o ritmo atual. Se mantido o ritmo atual só teremos a população prioritária vacinada em meados de outubro (14/10). 

Importante salientar que já foram aplicadas 26 milhões de doses, e a disponibilidade de 45 milhões. Ou seja, há problemas na entrega de vacina aos postos de saúde. Algo parece não funcionar entre estes, os laboratório e o Ministério da Saúde. Em resposta a esta suposta “leniência” (ou ineficência do setor público), o Congresso já aprovou o setor privado na aquisição de vacinas. Ou seja, passa-se a haver exclusividade aos que possam pagar ou viver. O mercado irá definir. Estraho, muito estranho, mas se o setor público e o mundo político não têm conseguido responder bem a esta emergência... 

Outra novidade, nesta terça-feira (dia 6) foi o contato do presidente Bolsonaro com o russo Vladimir Putin, para negociar a aquisição da Sputnik V. Segundo informações disponíveis, o imunizante representaria a melhor chance de aumentar a oferta de vacinas no curto prazo e ainda a vantagem de poder vir a ser produzido integralmente no Brasil, o que ampliaria para até quatro os produtos fabricados no país  (CoronaVac; ButanVac; Oxford/Astrazenca/Fiocruz; Sputnik). 

Por outro lado, há de se considerar que a vacina russa ainda encontra barreiras para receber a aprovação da Anvisa, por questões efetivamente técnicas. No atual estágio e dada a mobilização presidencial, e pressão política, se vier, deve ser pelo outro lado, de acelerar a liberação - em uma rara convergência com os estados. E vamos em frente. 

Sobre a “novela do Orçamento”, em acusações mútuas entre equipe econômica e Congresso, chama atenção este atraso na resolução do conflito. Como pode um país, que começa a discutir esta “peça fiscal” em abril do ano passado, em tese, aprovando-a até o último dia de dezembro, ter se atrasado tanto? O que perdemos no meio do caminho? 

No fim, o que se vê é mais uma “peça de ficção”, na qual as emendas foram a R$ 31 bilhões e os cortes, totalmente “inexequíveis” ou sub avaliados, em despesas obrigatórias, como da Previdência e outras. Embora a “articuladora” do governo, Vera Arruda, no passado, presidente da CMO, diga que as negociações avançaram no fim de semana, o que se vê é um jogando a “batata quente” para o outro. O escutamos agora é que todo o processo de execução orçamentária foi elaborado em sintonia com o ministro Guedes e equipe.

Como eu venho pontuando. Toda esta novela é um diagnóstico, no “esforço do Centrão”, de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, de que o Planejamento ficou devendo neste caso. Continuo achando que eles querem a criação do ministério do Planejamento. Tudo farão por este “naco de poder”. Já Paulo Guedes corre contra o tempo, na sua retórica de responsabilidade fiscal. Contra ele, a substituição por um ministro perdulário, como Rogério Marinho, ou um “bajulador de carteirinha”, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Não poderíamos esquecer também do bom presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Onde existe fumaça, há incêndio. Apenas para lembrar: Bolsonaro tem até o dia 22 para sancionar o Orçamento.   

Em paralelo, no encontro de Primavera vemos o FMI mais otimista com a economia global, crescendo este ano 6,0%, o Brasil, com a projeção passando de 3,6% para 3,7% e os EUA 6,4%, beneficiado pela mega campanha de vacinação. Preocupa ao FMI, no entanto, a armadilha do endividamento entre os emergentes. Para a jovem presidente da casa, se o atraso da vacinação continuar nos emergentes, o crescimento destas economias virá menor e a dívida públcia aumentará ainda mais. No Brasil, a dívida bruta do governo geral (DBGG), em torno de 75% do PIB ao fim de 2019, no ano passado foi a 89% e neste março, já deve passar de 91%. 

Ainda sobre o Brasil, nossas estimativas de crescimento para este ano mal chegam a 3%, com muitos prevendo, em média, 2,5% e a Focus, atualmente, 3,17%. Todos são unânimes, no entanto, em reforçar que sem vacinação em massa não haverá “arranque fácil”. Foi isso que os EUA fez, jogando seu crescimento do seu PIB, neste ano, a mais de 6%.

De novidade nesta quarta-feira, o início da temporada de leilões de concessão de Infraestrutura, num volume de investimentso que pode chegar a R$ 20 bilhões. Teremos a concessão de 22 aeroportos, nos blocos Norte, Centro-oeste e Sul do País; cinco terminais de portos em Itaqui, no Maranhão, e Pelotas, no Rio Grande Sul; concessão de uma estrada de ferro, a Fiol, ligando uma mina de ferro ao litoral no sudeste da Bahia (Zona do Cacau); rodovia BR 153, entre Goiás e Tocantins; ampliação da malha urbana ferroviária de São Paulo e, por fim, a concessão da Cedae, mais para o fins de abril, isso se for superado o grande volume de liminares e questionamentos, isto é, uma “briga política”. 

No mercado de ativos, o Ibovespa operou “meio de lado” nesta terça-feira; o dólar caiu um pouco e a curva de juro, em leve tendência de alta, mesmo observando a queda nos Treasuries longos americanos e do dólar frente ao real. A justificarem este “stress”, o “bode na sala” do Orçamento e o IPCA de março, a ser divulgado nesta sexta-feira, acima de 0,8%, em 12 meses passando do teto da meta (5,25%). 

Nos ativos, o dólar fechou ontem mais otimista com as negociações de vacina com os russos da Sputinik V e a expectativa de algum  entendimento sobre o Orçamento, além do cenário mais acomodado nos EUA, na queda dos treasuries. Ao fim do dia, era negociado a R$ 5,5998 (-1,41%), chegando à mínima de R$ 5,57, depois da California anunciar a reabertura da economia dia 15/6; já o Ibovespa fechou o dia “quase no zero a zero”, a 117.498 pontos (+0,02%).

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