O mesmo motivo que fez o Ibovespa disparar na terça-feira (6), fez desabar ontem. Não, não foi a China. As ações dos bancos roubaram a cena nos últimos dois dias e ditaram o ritmo dos negócios na bolsa brasileira, para o bem e para o mal. Hoje à noite Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) encerra a temporada de balanços do setor, mas o destaque desta quinta-feira (8) fica com o relatório de produção e vendas da Petrobras (BVMF:PETR4) e o IPCA de janeiro (9h).
Na China, a deflação persiste. O índice de preços ao consumidor (CPI) registrou a maior queda em mais de 14 anos e a quarta leitura negativa consecutiva, caindo 0,8% em janeiro em base anual, mais que a previsão de -0,5%. O resultado foi puxado pelos preços dos alimentos. Já os preços ao produtor (PPI) cederam pelo décimo sexto mês, em -2,5%.
Os números sugerem mais apoio à economia por parte do governo chinês. Aliás, o esforço de Pequim para estabilizar os mercados contendo as vendas a descoberto e direcionando as compras de fundos estatais surtiu efeito, antes do feriadão chinês. A Bolsa de Xangai teve um terceiro dia de ganhos. O minério de ferro também subiu em Dalian.
Vai entender…
Já no Ocidente, os futuros dos índices das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, sem uma direção definida. Wall Street ainda tenta explicar porquê os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam em novos níveis recordes ontem - não foram os bancos nem a China. Se tivessem sido os comentários de vários membros do Federal Reserve, o desempenho das ações por lá teria sido outro.
Afinal, os argumentos para adiar o início dos cortes nos juros dos Estados Unidos são muitos. O mercado de trabalho está saudável, com sinais de pressão vinda dos salários, ao passo que o processo de desinflação está longe de ser o que se tem visto na segunda maior economia do mundo. A atividade norte-americana também resiste.
Ou seja, não parece haver a necessidade de estímulos por parte do Fed. Mas como o desempenho dos mercados globais neste início de ano está oscilando entre afagos e apedrejamentos, é difícil explicar o desempenho dos ativos de risco até aqui. Em algum momento os investidores vão perceber que estão pagando caro demais. Alguém aqui se lembra do que aconteceu com os mercados na volta do carnaval em 2020?