Uma dúvida que continua perseguindo os investidores da Apple Inc (NASDAQ:AAPL) é se uma das empresas mais valiosas do mundo consegue continuar crescendo mesmo com o futuro incerto do seu principal produto: o iPhone.
Os consumidores, que eram apaixonados por seus gadgets, agora parecem menos dispostos a comprar os modelos mais novos e preferem manter seus aparelhos mais antigos. Eles também estão encontrando dificuldade para pagar os preços cada vez mais caros que a Apple vem cobrando para manter sua receita de vendas crescendo, mesmo com a queda no volume das vendas de iPhones.
No último trimestre, por exemplo, a Apple registrou uma queda de 12% nas vendas de iPhones. Esse foi o primeiro trimestre desde 2013 em que os iPhones não responderam pela maior parte da receita da Apple (NASDAQ:AAPL), de acordo com a eMarketer. Isso acontece depois de o smartphone da companhia ter gerado mais da metade das vendas da empresa no ano passado, além de ser crucial para seu futuro crescimento, pelo menos no curto e médio prazo.
Apesar desse ambiente baixista de maneira geral para as ações da Apple — que já caíram 2,3% no último ano, enquanto o Índice S&P 500 se valorizou 3,5% — vínhamos aconselhando os investidores a focar na capacidade da empresa de inovar e prosperar diante dos desafios.
As últimas iniciativas da empresa para diversificar sua receita além do iPhone e fazer melhor uso do seu ecossistema de produtos vieram na semana passada, quando a companhia apresentou seu novo modelo de iPhone e o combinou com seu serviço de streaming de vídeo, que deve ser o mais barato de todos os disponíveis no mercado.
A Apple precificou seu serviço de streaming de vídeos, o Apple TV+, em US$ 4,99 por mês. A empresa também está dando aos seus clientes um ano de Apple TV+ de graça se comprarem um novo iPhone, iPad, Mac ou Apple TV. Além do preço de streaming competitivo, a Apple também precificou o iPhone 11 em US$ 699, ou seja, US$ 50 mais barato do que o modelo XR lançado no ano passado.
Incentivos criativos para atrair clientes
Trata-se de um incentivo criativo que vemos com bons olhos para atrair os clientes, já que o baixo preço do Apple TV+ e o teste gratuito por um ano permitem que a empresa construa uma base de assinantes que pode pagar mais quando a oferta de vídeos aumentar.
A expectativa é que a Apple venda cerca de 70 milhões de novos iPhones até as festas de fim de ano, de acordo com as estimativas dos analistas. Além dos iPhones, a Apple também venderá milhões de outros Macs, iPads e Apple TVs. O novo serviço Apple TV+ oferecido gratuitamente com esses aparelhos pode fazer com que o serviço de streaming se torne um dos maiores nos próximos meses. E os principais analistas de Wall Street concordam.
“O preço do TV+ está mais baixo do que o esperado e sua oferta conjunta com 12 meses gratuitos na compra da maioria dos aparelhos cria uma vantagem competitiva em um mercado de streaming de vídeos cada vez mais concorrido”, de acordo com Katy Huberty, analista do Morgan Stanley, que colocou as ações da Apple em seu portfólio de melhores escolhas em 2020.
“Em segundo lugar, a Apple não elevou os preços em relação a lançamentos de produtos comparáveis no ano passado, depois de vários anos aumentando os valores”, afirmou Huberty.
A Apple parece estar tendo sucesso em seu plano de reativar o crescimento das vendas e diversificar sua receita além de iPhones. Os serviços da companhia, que incluem Apple Music, aluguéis de filmes e downloads de aplicativos, tiveram um crescimento de 33% no ano passado, e as vendas atingiram US$ 40 bilhões, respondendo por cerca de 15% das vendas totais de US$ 265,6 bilhões da companhia.
Essa contribuição sem dúvida acelerará assim que a nova linha de serviços da companhia – streaming de vídeo, Apple Pay e jogos – começar a gerar dinheiro. Essa contribuição para a receita total da Apple, de acordo com uma estimativa do Morgan Stanley (NYSE:MS), continuará crescendo e pode gerar cerca de 60% do faturamento da Apple nos próximos cinco anos.
Conclusão
Depois de despencarem para US$ 142 por ação em janeiro, os papéis da Apple já se valorizaram quase 40% desde o início do ano, encerrando a US$ 218,75 na sexta-feira. Acreditamos que esse movimento de alta ainda não terminou, principalmente agora que os EUA e a China voltaram à mesa de negociação para buscar uma resolução para sua disputa comercial, que, se não for resolvida, pode prejudicar os fornecedores da Apple e suas vendas na China. Um lançamento de produto criativo e melhoras no front macro permitem que as ações da Apple tenham um forte rali daqui para frente.