A moeda norte-americana continua sob pressão e fechou em alta de 1,49% a R$ 5,4496, com máxima em R$ 5,4576, na quinta-feira (04). Por mais que haja bons motivos internos para a alta do dólar, seria equivocado colocar todo o peso na dinâmica doméstica. Praticamente todas as principais moedas perderam contra a moeda referência na sessão, com exceção da libra esterlina (veja gráfico abaixo, fonte Bloomberg).
O motivo mais coerente para este movimento uniforme pode ser creditado à alta nos últimos dias dos juros de 10 anos nos EUA, situação esta que se tornou mais aguda nos últimos dias com a perspectiva que de fato o presidente Joe Biden irá colocar em ação seu plano de US$ 1,9 trilhão. Com esta dinheirama na economia de lá, os investidores saem dos títulos públicos para voltarem para ativos mais arriscados, fazendo assim que os juros subam nos vencimentos mais longos e com juros mais altos capitais do mundo migram para os EUA.
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É bem verdade que hoje os juros de 10 anos subiram e depois ficaram no zero-a-zero, mas o retrato dos últimos dias mostra um viés de alta na taxa. Basta lembrar que hoje os juros de 10 anos nos EUA são negociados por volta de 1,14% e que o ano passado antes da pandemia eram negociados a 1,6% aproximadamente, ou seja, se voltar simplesmente ao que era temos uma alta de 50 pontos base em um contrato altamente cobiçado, o que pode fazer o dólar ganhar mais força.
Mantemos nosso call de dólar em R$ 5,30 ao final de 2021 enquanto a mediana do FOCUS está em R$ 5,00. Acreditamos que a elevação dos juros longos nos EUA devido a expansão fiscal por lá e também devido a questões propriamente brasileiras devem manter o dólar no atual patamar ao longo de 2021.
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