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Modas e tendências: Identificando o que é passageiro e o que veio para ficar

Publicado 27.11.2024, 10:30

No universo dos investimentos, distinguir entre moda e tendência é essencial para evitar armadilhas e construir um portfólio sólido. Enquanto a moda costuma ser passageira e impulsionada por atitudes de puro entusiasmo especulativo ou um comportamento de manada, a tendência já visa aquilo que apresenta uma maior probabilidade de transformar o mercado ao longo do tempo.

Trazendo para exemplos do setor de alimentos, muitos devem lembrar as paletas mexicanas ou o frozen yogurt, foram inúmeras lojas abertas exclusivas para esses produtos. Hoje, poucas sobreviveram. Geralmente foram impulsos de narrativas emocionais ou especulação. A moda pode atrair investidores pela promessa de lucros rápidos, mas sem uma base sólida, tende a desmoronar.

Ainda falando sobre comida, pensemos sobre o açaí e os hambúrgueres artesanais. Claro que eles tiveram um momento de explosão, porém, por aspectos de mudanças de hábitos dos consumidores, possuem uma tendência de se manterem por mais tempo. Quando tratamos de tendência, falamos de algo mais duradouro, que o mercado se adapta e, com isso, traz oportunidades mais sustentáveis.

Neste sentido, podemos refletir, traçando alguns paralelos com determinados tipos de investimento.

Comecemos com as ações. Investir em ações é uma das formas mais clássicas de construir patrimônio. Desde a criação das primeiras bolsas de valores, elas representam a participação no crescimento de empresas e economias. O investidor em ações está apostando no desenvolvimento econômico e empresarial de longo prazo, algo que dificilmente sairá de cena.

No entanto, é sempre bom lembrar que há muito modismo em alguns papéis. Podemos recordar o boom das startups de tecnologia nos anos 2000. A bolha estourou, muitas ficaram, mas a ideia de investir em tecnologia como um setor estratégico se consolidou como uma tendência real.

Outra tendência no mercado são os fundos imobiliários. Eles permitem que os pequenos investidores comprem frações de grandes empreendimentos, como shoppings, galpões logísticos e edifícios corporativos. Atendem a uma necessidade real: acesso a rendimentos passivos regulares, diversificação e maior liquidez no mercado imobiliário. Ao contrário de especulações rápidas, os FIIs têm fundamentos sólidos, baseados em fluxos de caixa estáveis e na valorização de ativos imobiliários.

Em qualquer cenário econômico, haverá quem priorize estabilidade e baixo risco. Títulos públicos, como o Tesouro Direto, e títulos privados, como CDBs e debêntures, oferecem certa previsibilidade. Portanto, a renda fixa pode perder parte de seu brilho em momentos de juros baixos, mas nunca desaparece. Ela é um item indispensável de qualquer portfólio de clientes, sejam aqueles mais conservadores ou agressivos.

Claro que o mercado financeiro é dinâmico e, com isto, modalidades que já foram muito populares por décadas, acabaram saindo de uso. É o caso clássico das cadernetas de poupança. A começar pelo nome “caderneta” remete ao fato de que nos primórdios, quando não existiam sistemas digitais, o investidor ia até a agência bancária com um pequeno caderno (daí, caderneta), fazia o depósito e o funcionário deixava registrado o valor depositado. Embora seja um investimento com baixo risco, acaba por não conseguir mais competir com alternativas de renda fixa que oferecem retornos bem superiores.

E as conhecidas criptomoedas? Seriam elas uma moda ou uma tendência? Estamos ainda no meio do desenvolvimento deste investimento. De fato, o crescimento muito rápido e de forma desordenada fez com que diversas moedas fossem passageiras e já ficaram para trás. Todavia, outras possuem um potencial para se consolidarem e, inclusive, transformarem o futuro dos pagamentos e dos contratos digitais. Algo que é importante quando tratamos de moeda: o dinheiro é algo abstrato, só há sentido quando as duas partes se entendem e aceitam o seu valor. Diante disto, aquelas criptomoedas que se mantiverem como um meio de pagamento é que permanecerão.

Com base nos exemplos acima, é possível dizer que para não cair em armadilhas de investimentos “da moda”, existem algumas perguntas a serem feitas:

- Qual o problema que esse investimento resolve?

- Há fundamentos sólidos?

- Tem potencial de longo prazo?

- Existe um equilíbrio entre risco e retorno?

O mercado financeiro sempre terá novidades e promessas de sucesso. O segredo em diferenciar o que é passageiro e o que manterá valor é o que importa. Investir bem exige equilíbrio entre o risco e o retorno, por um lado uma análise ousada, mas feita com racionalidade e cautela, explorando tendências, mantendo os pés no chão e acompanhando as novas promessas.

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