Em 2017, a produção de milho foi recorde no Brasil e no mundo, cenário que pressionou com força as cotações domésticas, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, aumentando a competitividade do cereal nacional e elevando as exportações. Em termos mundiais, as transações internacionais não aumentaram com o crescimento da oferta, o que elevou os estoques e também pressionou os valores.
A produção do milho verão 2016/17 foi de 30,46 milhões de toneladas, aumento de 18% em relação à anterior. A sustentação veio do incremento de 2,4% na área e de 15,5% na produtividade, segundo a Conab.
Como as cotações do milho iniciaram o ano em patamares elevados, reflexo da redução da oferta em 2016, a entrada do cereal da primeira safra pressionou com força os valores domésticos. No primeiro semestre, o Indicador do milho ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) caiu expressivos 33,8%. Pesquisadores do Cepea destacam que, naquele período, a perspectiva de aumento da produção da segunda safra e o clima favorável ao desenvolvimento das lavouras também influenciaram as baixas.
Na segunda safra, a produção foi de 67,35 milhões de toneladas, quantidade 65% superior à da temporada anterior, reflexo do incremento de 15% na área e de 44% na produtividade. Com isso, a produção total foi de 97,84 milhões de toneladas, a maior da história e 47% superior à temporada anterior, segundo a Conab.
Com a maior oferta e expressivas quedas nas cotações, o valor pago ao produtor ficou abaixo do mínimo governamental em algumas regiões. Nesse ambiente, o governo federal interveio, no intuito de sustentar o preço ao produtor e favorecer o escoamento da produção, principalmente do milho do Centro-Oeste. Entre abril e setembro, a Conab realizou 17 rodadas de leilões.
No segundo semestre, produtores/vendedores insatisfeitos com as quedas nas cotações postergaram ao máximo a negociações do cereal, mesmo com a colheita recorde do milho segunda safra. Este fato e o aumento das exportações sustentaram os valores ao longo do segundo semestre, período em que o Indicador Campinas subiu 32,5%.
No balanço do ano, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa caiu 11,53%, com a saca de 60 quilos a R$ 33,77 no dia 28. Na média das regiões acompanhas pelo Cepea, a queda nas cotações foi de 21% no mercado balcão e de 18,7% no de lotes.
Em 2017, a disponibilidade total de milho (soma da produção, com o estoque inicial e importações) foi estimada em 105,5 milhões de tonelada pela Conab, também se caracterizando como a maior da história. Deste total, a estimativa é de que 56,16 milhões de toneladas sejam consumidas internamente entre fev/17 e jan/18. Com isso, o excedente interno chegou a 49,4 milhões de toneladas. A Conab indica que as exportações na safra 2016/17 (fev/17 a jan/18) fiquem em 30 milhões de toneladas, 59% acima da temporada passada. Por enquanto, os embarques somam 27 milhões de toneladas na atual safra, restando 3 milhões para atingir a estimativa da Conab. Caso as exportações atinjam o volume previsto pela Conab, o estoque final da temporada 2016/17 (em fev/18) é estimado em 19,4 milhões de toneladas – um recorde.
COMERCIALIZAÇÃO – No geral, pode-se dizer que as vendas da próxima safra estão atrasadas em relação à temporada anterior. No Paraná, o Seab/Deral estima que apenas 61% da produção do milho primeira safra 2016/17 tenha sido comercializada até 18 de dezembro, atraso de 28 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior. Em Mato Grosso, o Imea indica que até 92,4% da produção do milho 2016/17 do estado já tenha sido comercializada até 22 de dezembro, 6,9 p.p maior que o mesmo período do ano anterior.
INTERNACIONAL – A produção na safra 2016/17 é projetada em 1,07 bilhão de toneladas, um recorde e 10,5% superior à da temporada passada, segundo o USDA. Dos 16 principais produtores mundiais, em apenas três países (China, Canadá, Etiópia) houve redução na produção frente à temporada anterior. Nos Estados Unidos, principal produtor mundial do cereal, a produção foi de 384,8 milhões de toneladas, incremento de 11,4% em relação ao ano anterior.
O consumo da temporada foi estimado pelo USDA em 1,06 bilhão de toneladas, alta de 9,8%. Em todos os 16 países principais demandantes houve aumento no consumo. As transações internacionais são projetadas em 141,6 milhões de toneladas, redução de 2,2% em relação à safra anterior. Com aumento na produção maior que o do consumo, o estoque mundial atingiu 227,3 milhões de toneladas, 5,8% superior à temporada passada. No entanto, quando analisada a relação estoque/consumo interno, há redução em relação à temporada passada, o que pode sustentar os preços internacionais ao longo do ano. Atualmente, os contratos na CBOT (Bolsa de Chicago) em Dez/18 estão cerca de 13% acima dos contratos de Dez/17.