Os preços do milho registraram queda na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea em outubro. A baixa demanda prevaleceu na maior parte do mês, uma vez que a maioria dos compradores se mostra abastecida em médio prazo. Além disso, o bom andamento da safra de verão tem feito com que compradores tenham expectativas de preços mais baixos nos próximos meses.
Já vendedores, pressionados, em alguns casos, pela falta de espaço nos armazéns, que futuramente devem receber a safra de verão do cereal e a nova temporada de soja, tentam aproveitar oportunidades, sobretudo produtores de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esses agentes também especulam sobre a desvalorização do dólar frente ao Real e a menor demanda para exportação.
Assim, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços no mercado de balcão (ao produtor) caíram 12,2% e, no de lotes (negociação entre empresas), 11,5% em outubro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou baixa de 13,3%, fechando a R$ 34,17/sc de 60 kg em 31 de outubro. Em relação à média mensal do Indicador, está 9,6% inferior à de setembro, atingido o menor patamar nominal desde fevereiro/18.
No front externo, a desvalorização do dólar frente ao Real e a menor competitividade do milho brasileiro no mercado internacional têm reduzido o ritmo de embarques do cereal. Nos 22 dias úteis de outubro, foram enviadas 3,2 milhões de toneladas ao mercado internacional, com média diária de 173,1 mil toneladas, 36% abaixo do volume de outubro/17, segundo a Secex. Com relação aos preços, em outubro, as cotações nacionais estiveram 12% superiores às dos Estados Unidos.
No campo, produtores seguem focados no cultivo da nova safra de verão. Até o momento, mesmo com os grandes volumes de chuvas registrados no Sul e Sudeste do Brasil, a safra apresenta bom desenvolvimento. No Paraná, os trabalhos de plantio seguem acelerados. De acordo com a Seab/Deral, 97% dos 3,1 milhões de hectares previstos já foram semeados, com a maior parte da lavouras em boas condições até a última semana do mês.
Segundo a Emater/RS, no Rio Grande do Sul, 68% da área estimada para a safra 2018/2019 foi semeada, 7 p.p. menor que em 2017. Destas, 60% estão em desenvolvimento vegetativo e 6%, em floração.
Na Argentina, os bons volumes de chuvas auxiliaram o andamento do semeio a partir da segunda quinzena de outubro. Assim, a área semeada chegou a 35,5% do total de 5,8 milhões de hectares no final do mês. Apesar da maior produção, as exportações ainda podem se manter nos mesmos patamares, entre 26 e 27 milhões de toneladas, segundo o USDA. Isso porque, além da forte concorrência com o cereal dos Estados Unidos, produtores devem tentar escoar primeiro o trigo e a cevada, aguardando preços mais elevados para o cereal.
Com relação à safra dos Estados Unidos, de acordo com o USDA, o país colheu 76% do total da área que foi cultivada até o dia 4 de novembro, avanço de 50 p.p. em relação ao final do mês anterior e praticamente o mesmo percentual dos últimos cinco anos (77%).
Já os preços na Bolsa de Chicago (CME/CBOT) oscilaram por todo o mês, mas fecharam em alta, influenciados pelo bom andamento da colheita. Nesse contexto, o contrato Dez/18 subiu 2%, passando para US$ 3,6325/bushel (US$ 143/t) na quinta. Já o vencimento Mar/19 avançou 2,1%, indo para US$ 3,7575/bushel (US$ 147,92/t) no dia 31. Na B3, pressionadas pela maior oferta no mercado interno, as cotações recuaram de forma considerável. O contrato Nov/18 caiu 11,1%, fechando a R$ 35,4/sc, e os vencimentos Jan/19 e Mar/19 registraram baixas de 10,2% e 7,8%, respectivamente, no mesmo período.