Os preços do milho estivem em alta na maior parte de agosto. Na primeira semana do mês, as cotações subiram, interrompendo o movimento de queda observado em julho, devido à alta cambial e à consequente demanda mais aquecida nos portos. Já na segunda semana de agosto, os preços voltaram a cair na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, pressionados pelo recuo internacional. Esse cenário resultou em compradores retraídos, à espera de preços menores nas próximas semanas. No final do mês, o cenário voltou a se inverter. A elevação dos preços foi reflexo sobretudo do interesse de parte dos compradores. Por outro lado, vendedores permaneceram retraídos, negociando lotes pontuais, acreditando na possibilidade de valorizações mais expressivas. As exportações seguiram em ritmo forte, o que contribuiu para a sustentação dos preços. No mercado de lotes (negociação entre empresas), entre julho e agosto, o aumento médio das praças acompanhadas pelo Cepea foi de 0,6% e, no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor), 1,9%. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BMF&Bovespa registrou alta de 3%, ao fechar no dia 30 de agosto a R$ 36,72/sc. A média mensal ficou R$ 36,41/sc, recuo de 1,8% em relação a julho.
EXPORTAÇÃO – Segundo a Secex, foram embarcadas 7,653 milhões de toneladas, recorde para agosto e avanço de 21,1% em relação a julho. O Brasil nunca exportou tanto milho em tão pouco tempo como no final do mês, o que contribui para a perspectiva altista dos preços. Nesse cenário, produtores mantiveram suas atenções voltadas ao mercado externo.
CAMPO – As boas condições climáticas favoreceram a finalização da colheita em Mato Grosso e no Paraná. No primeiro estado, os trabalhos de campo já haviam sido finalizados na primeira quinzena do mês. No Paraná, além da finalização da segunda safra, o clima também ajudou no plantio da safra verão. Com relação à segunda safra 2018/19, a colheita alcançou, até o dia 3 de setembro, 98% da área, com 11% em condição ruim, 18%, média e 71% em boa situação. Para a safra verão, o plantio teve início nas regiões de Irati e Ponta Grossa, totalizando apenas 3% da área. Enquanto o Paraná deve reduzir a área plantada na safra verão, o Rio Grande do Sul deve plantar mais milho na temporada 2019/20. No primeiro estado, os dados do Seab/Deral, indicam que a área pode ser 6% menor. Já no segundo estado, a Emater/RS indica aumento de 7,6%. No Paraná, a menor área plantada pode ser amenizada pelo aumento de 6% no rendimento, o que pode gerar 3,11 milhões de toneladas. No RS, com produtividade 3,65% maior e 7% a mais de área, a produção pode totalizar 5,95 milhões de toneladas na safra 2019/20.
MERCADO EXTERNO – Nos Estados Unidos, as cotações registraram forte queda. Além da melhora das condições climáticas, a guerra comercial entre Estados Unidos e China pode diminuir a demanda pelo cereal, pressionando os futuros. Assim, no acumulado do mês (de 31 de julho a 30 de agosto), o contrato Set/19 recuou 10,5%, fechando a US$ 3,58/bushel (US$ 140,94/t) na quinta. O vencimento Dez/19 registrou queda de 9,82%, a US$ 3,6975/bushel (US$ 145,56/t). Quanto às lavouras norte-americanas, segundo o relatório semanal do USDA publicado no dia 26 de agosto, 57% apresentavam condições boas e excelentes, 1 p.p. superior em relação à semana anterior. Além disso, 71% da safra está formando grãos e 27%, formando dentes. Na Argentina, de acordo com dados da Bolsa de Cereales do dia 28 de agosto, a colheita está próxima de ser concluída, visto que as boas condições climáticas ajudaram a diminuir a umidade dos grãos de forma significativa. O milho colhido representou 98% dos 6 milhões de hectares plantados nesta temporada. Restam 120.000 hectares do cereal para colher em setembro.