Os preços do milho apresentaram queda na maior parte de maio, com exceção da segunda semana, quando as cotações subiram porque agentes estiveram receosos com a chegada de uma frente fria em parte das regiões produtoras, o que limitou o ritmo de negócios internos. Contudo, apenas algumas áreas do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais registraram geadas, com intensidades de baixa a moderada, e que não devem resultar em grandes quebras na produção, segundo agentes. No geral, parte dos compradores se mostrou atenta ao início da colheita da segunda safra de milho – que pode ter produção recorde –, e se manteve afastada das aquisições de novos lotes, à espera de quedas mais expressivas nos valores. Esses demandantes também indicaram estarem estocados na maior parte do mês. Do lado vendedor, alguns agentes estiveram mais flexíveis nos preços, seja para aproveitar os patamares ainda elevados, antes de os valores se enfraquecerem com o avanço da colheita, seja para liberar armazéns para a entrada da nova produção.
PREÇOS – Entre 29 de abril e 31 de maio, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu 2,3%, fechando a R$ 86,25/sc de 60 kg no dia 31. A média mensal, de R$ 87,36/saca de 60 kg, está 1,6% menor do que a do mês anterior e ainda 13% inferior à de maio/21. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços no mercado de balcão (recebidos por produtores) caíram 3,2% e, no de lotes (negociação entre empresas), 2%, entre 29 de abril e 31 de maio. Comparando-se as médias mensais, no entanto, os aumentos foram de 0,9% e 0,5%, respectivamente. Na B3 (SA:B3SA3), os futuros tiveram comportamentos distintos em maio. Na primeira quinzena, os preços apresentaram altas, influenciados por notícias de clima frio no Brasil e pela possibilidade de maior demanda externa pelo cereal nacional, devido à menor oferta na Ucrânia e ao atraso da safra dos Estados Unidos. Entretanto, a partir da segunda quinzena do mês, os valores recuaram, em função das desvalorizações externas e do dólar, que reduziram a paridade de exportação. Além disso, o início da colheita de segunda safra brasileira e a perspectiva de safra recorde também influenciaram as quedas. Assim, o contrato Jul/22 na B3 recuou fortes 6,9% em maio, indo para R$ 88,42/sc no dia 31. O vencimento Set/22 se desvalorizou 6%, a R$ 91,93/sc de 60 kg.
PORTOS – Os valores iniciaram o mês firmes, acima dos observados no interior do País, o que evidenciou a vantagem de se exportar milho. Contudo, com as desvalorizações externa e do dólar, os preços recuaram nos portos brasileiros. A moeda norte-americana caiu 4% de 29 de abril a 31 de maio, a R$ 4,751 no último dia do mês. Em Paranaguá (PR), os valores do milho caíram 2,6%, a R$ 92,44/saca de 60 kg no dia 31.
INTERNACIONAL – Nos Estados Unidos, o clima desfavorável (frio e alta umidade no Meio-Oeste) atrasou o cultivo da nova safra 2022/23, elevando os futuros em parte do mês. Contudo, após a sinalização de que a semeadura ganhou ritmo, os preços voltaram a recuar. Na Bolsa de Chicago (CME Group), o primeiro contrato (Jul/22) se desvalorizou 7,4% no acumulado de maio, indo para US$ 7,535/bushel (US$ 296,63/t), e o vencimento Set/22 acumulou perda significativa de 5,6%, a US$ 7,25/bushel (US$ 285,42/t). Quanto à semeadura, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), 86% da safra de milho do país havia sido plantada até o dia 29 de maio, avanço mensal de aproximadamente 60 p.p., mas ainda atrasada em 8 p.p. frente à temporada anterior, quando as atividades neste período totalizavam 94% da área. Na Argentina, com a redução da umidade dos grãos, houve progresso na colheita. Segundo a Bolsa de Cereales, os trabalhos de campo totalizaram 32% na quinta-feira, 2 de junho. A expectativa de produção se mantém em 49 milhões de toneladas, 3,5 milhões abaixo do registrado na safra anterior.
CAMPO – De maneira geral, as lavouras brasileiras apresentaram bom desenvolvimento em maio. Em Mato Grosso, único estado que já iniciou a colheita de segunda safra, o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) indicou que, até o dia 27, 2,37% da área havia sido retirada. No Paraná, dados da Seab/Deral do dia 30 mostraram que 99% do milho da primeira safra havia sido colhida. A estimativa de produção do PR continuou em 16 milhões de toneladas, um recorde para o estado. No Rio Grande do Sul, a colheita da primeira safra ocorreu de maneira lenta durante o mês, devido a chuvas no final de maio e à prioridade dos trabalhos com a soja. A Emater/RS informou que as atividades de campo somavam 92% da área estimada até 2 de junho. Para a Conab, a média nacional da colheita da safra verão, até 28 de maio, é de 85%.