Os preços de milho apresentaram comportamentos distintos dentre as regiões acompanhadas na primeira quinzena de setembro. Nas praças tipicamente consumidoras, como São Paulo e Santa Catarina, os valores operavam em alta, enquanto que nas produtoras do Centro-Oeste, as cotações recuaram. Já na segunda metade do período, os valores passaram a subir, encerrando o período em alta em todas as praças acompanhadas pelo Cepea, apesar da disponibilidade recorde na temporada 2018/19. O movimento altista esteve atrelado à preferência de vendedores por entregar os lotes comercializados antecipadamente, sobretudo para exportação. Do lado comprador, houve maior interesse em negociar, sustentando as cotações no mercado interno.
Com o aumento das exportações, compradores brasileiros acabaram ofertando maiores valores no mercado interno, na tentativa de adquirir os lotes que poderiam ser embarcados. Na média de todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, entre 30 de agosto e 30 de setembro, as cotações subiram 4,5% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e 4,7% no de lotes (negociação entre empresas). Nos portos, as valorizações foram ainda mais expressivas: em Paranaguá (PR), a alta foi de 4,8% no acumulado do mês, e em Santos (SP), de 3,8%. Na região de Campinas (SP), o maior interesse comprador impulsionou preços. No dia 30 de setembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, fechou a R$ 38,70/sc de 60 kg, alta de 5,4% no acumulado do mês.
EXPORTAÇÃO – Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em setembro, foram embarcadas 6,501 milhões de toneladas, volume 15% menor do que o do mês anterior. No mesmo período do ano passado, a quantidade exportada somou 3,36 milhões de toneladas, representando um aumento de 93,4% no comparativo anual. Esse resultado está atrelado ao grande número de negociações antecipadas envolvendo a segunda safra do cereal 2018/19, registradas desde o ano passado, à alta dos contratos futuros do milho na Bolsa de Chicago (CBOT) e à valorização do dólar frente ao Real, que ajudou a dar suporte aos preços no Brasil e estimulou as vendas externas. No acumulado parcial do ano (jan/19-set/19), o País exportou 30,104 milhões de toneladas de milho, volume 138,4% maior do que as 12,625 milhões de toneladas embarcadas nos nove primeiros meses de 2018.
CAMPO – No campo, produtores seguiram atentos ao baixo volume de chuvas nas regiões produtoras. No Paraná, o semeio atingiu 57% da área estimada, conforme dados do Deral/Seab do dia 30. O Deral também informou que, do total semeado, 90% estavam em boas condições, 9%, em médias e, 1% ruins. Quanto às fases, 65% estavam em desenvolvimento vegetativo e 35%, em germinação. No Rio Grande do Sul, o mês se encerrou com 52% da área plantada, de acordo com dados da Emater/RS. A estimativa para a safra de milho 2019/20 indica uma área de 771.578 hectares, aumento de 1% em relação à safra anterior. A produção, por sua vez, é estimada em 5,948 milhões de toneladas.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Argentina, estimativas da Bolsa de Cereales apontam para uma área de 6,4 milhões de hectares na safra 2019/20 – desse total, 20,6% já tinham sido semeados até o dia 2 de outubro. O aumento das temperaturas na Argentina favoreceu o plantio, e recentes chuvas contribuíram para uma boa umidade do solo no leste do país. Nos Estados Unidos, apesar do avanço da colheita, problemas durante o plantio e a instabilidade climática durante o mês de setembro elevaram com força os vencimentos futuros.
Entre os dias 30 de agosto e 30 de setembro, o vencimento Dez/19 subiu 4,94%, fechando a US$ 3,88/bushel (US$ 152,75/t). O contrato Mar/20 subiu 4,51%, fechando a 3,995/bushel (US$ 157,27/t). No campo, 57% da safra de milho apresentava condição boa ou excelente até o último domingo, 29, conforme relatório semanal de acompanhamento de safra do USDA. Há um ano, essa parcela era de 69%. O relatório mostrou também que 88% da safra estava formando dentes, contra 98% na média dos últimos cinco anos (2014-2018). Além disso, 43% da safra está madura, contra 73% na média dos últimos cinco anos. Em relação à colheita, 11% da safra foi colhida, contra 19% na média dos últimos cinco anos.