Os preços de milho apresentaram comportamentos distintos em maio. No início do mês, as cotações foram pressionadas pela perspectiva de oferta elevada no segundo semestre. Neste cenário, compradores se mantinham afastados, enquanto vendedores apresentavam maior interesse em negociar novos lotes. Já na segunda quinzena de maio, o movimento de alta teve início nas regiões consumidoras de São Paulo e Santa Catarina, refletindo a retração de vendedores, que negociavam apenas lotes pontuais. Esse movimento se estendeu para a maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea nos dias que se seguiram.
Apesar dessas oscilações, as cotações acumularam forte alta no mês. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 6,2% para negociações entre empresas (mercado disponível) e 5,9% para os valores pagos ao produtor (balcão).
Na região consumidora de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou forte alta de 14,7% entre abril e maio, fechando a R$ 38,56/sc da 60 kg na sexta-feira, 31. Porém, a média do mês foi de R$ 34,84/saca de 60 kg, queda de 4,4% na comparação com a de abril.
Na primeira parte de maio, o mercado nacional vinha se fundamentando na disponibilidade recorde para a temporada 2018/19. Os dados divulgados pela Conab no início do mês indicaram que a safra total deve totalizar 95,25 milhões de toneladas, o que, somado ao estoque inicial de 14,5 milhões de toneladas e às 500 mil toneladas de importação, resulta em 110 milhões de toneladas – um recorde e 11% acima da temporada passada.
Já em meados do mês, produtores voltaram a se retrair, enquanto consumidores, desabastecidos, aceitavam os maiores patamares para negociar. Além disso, o atraso do plantio de milho nos Estados Unidos e a forte recuperação do dólar aumentaram os patamares nos portos brasileiros, o que favoreceu as negociações para o mercado externo, elevando ainda mais as cotações domésticas.
No final do período, as negociações nos portos brasileiros já apresentaram considerável recuperação frente aos meses anteriores. Em maio, os embarques brasileiros somaram 979,3 mil toneladas, o dobro do embarcado no mês anterior, segundo a Secex.
Para os próximos meses, a expectativa é de que os embarques sigam aquecidos, uma vez que produtores já negociaram mais lotes para entrega nos próximos meses. Isso porque o plantio nos Estados Unidos não apresentou avanço. Segundo relatório do USDA, a área plantada até o final de maio chegou a 67%, 29 p.p. abaixo da média dos últimos cinco anos (2014/2018). Vale lembrar que a janela ideal de plantio termina nos primeiros dias de junho.
Refletindo as dificuldades do plantio, os contratos na Bolsa de Chicago (CBOT) registaram os maiores níveis dos últimos meses. Os vencimentos de Jul/19 e Set/19 subiram fortes 17%, indo para US$ 4,27/bushel (US$ 168,1/t) e US$ 4,36/bushel (US$ 171,69/t) no dia 31 de maio, respectivamente.
Já no campo brasileiro, as condições climáticas estiveram favoráveis por todo o mês, e a colheita da segunda safra teve início nas principais regiões produtoras. Até o dia 3 de junho, 6% da área de milho da segunda safra havia sido colhida. Com relação ao cereal que está na lavoura, 3% estão em condições ruins; 13%, em médias e 84% estão em bom estado. Em Mato Grosso, a colheita totalizou 3,5% até o dia 31 de maio. Já no Rio Grande do Sul, restam apenas 3% das lavouras da safra verão para serem colhidas.