Os preços do milho apresentaram comportamentos distintos ao longo de setembro. Na primeira quinzena do mês, o ritmo acelerado da colheita de segunda safra e a pressão de compradores limitaram o movimento de alta em muitas praças. Já na segunda quinzena, os valores de cereal voltaram a reagir na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, influenciados especialmente pela maior demanda nos portos. Além disso, vendedores se retraíram do mercado nas últimas semanas de setembro, atentos ao clima seco e quente e aos possíveis impactos desse cenário sobre a safra verão. Destacase, ainda, que a forte desvalorização do Real frente ao dólar (de 40,7% no acumulado da parcial deste ano) tornou o milho brasileiro mais competitivo no mercado externo, elevando a demanda internacional. Assim, muitos vendedores adiantaram a comercialização do cereal, o que tem reduzido a disponibilidade doméstica, mesmo diante de uma produção recorde. Do lado comprador, muitos mostraram maior interesse em novos negócios, reforçando as altas nos preços do milho.
Nesse cenário, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do milho (Campinas – SP) seguiu renovando as máximas nominais da série histórica iniciada em 2004. A média de setembro do Indicador, de R$ 60,06/sc, foi a maior, em termos nominais, de toda a série mensal do Cepea. Já em termos reais, trata-se da maior média desde mar/20, quando foi de R$ 62,7 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de agosto/2020). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 6% para negociações entre empresas (mercado disponível) e 8,4% para os valores pagos ao produtor (balcão).
EXPORTAÇÃO – De acordo com dados da Secex, as exportações somaram 6,6 milhões de toneladas em setembro, 1,9% a mais que no mês anterior. Na safra 2019/20 (de fev/20 a setembro/20), os embarques totalizam 18 milhões de toneladas, 29% abaixo do registrado no mesmo período da temporada anterior. Nos portos, os preços estiveram em alta, o que também influenciou os avanços no interior do País. Em Paranaguá (PR), o milho foi negociado a R$ 63,66/sc no dia 30 de setembro, elevação de quase 10% frente ao valor do encerramento de agosto. Em Santos (SP), a valorização foi de 8,6% no mês, a 65,52/saca de 60 quilos no dia 30.
CAMPO – Produtores finalizaram a colheita da segunda safra e, em setembro, ficaram no aguardo de chuvas para seguir com a semeadura – no caso do Sul do País – ou para iniciá-la – no caso de São Paulo. No Paraná, até o encerramento de setembro, produtores haviam semeado 40% da área estimada, de acordo com a Seab/Deral. A qualidade das lavouras, no entanto, esteve inferior à verificada no mesmo período de 2019. No Rio Grande do Sul, o semeio se intensificou apesar das geadas e das temperaturas mais baixas registradas no encerramento de setembro em algumas regiões. Segundo a Emater/RS,o plantio somava 53% da área estimada.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Argentina, chuvas voltaram a melhorar as reservas de água no solo e produtores seguiram com os trabalhos de campo. De acordo com o relatório da Bolsa de Cereales do dia 1º de outubro, quanto à campanha 2020/21, 15,4% dos 6,3 milhões de hectares estimados foram semeados. Nos Estados Unidos, a colheita da safra 2020/21 seguiu avançando. Segundo relatório do NASS/USDA, cerca de 15% da área havia sido colhida até o dia 28 de setembro, avanço semanal de 5 p.p. mas 1 p.p. abaixo da média dos últimos cinco anos (2015-2019). O clima favoreceu a maturação do cereal, alcançando 75% da área daquele país. Quanto às condições das lavouras, 61% da safra norte-americana estavam entre boa e excelente; 25%, em médias e 14%, entre ruim e muito ruim. Na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos futuros de milho subiram em setembro, impulsionados pela piora na qualidade das lavouras norte-americanas – que reduziu a previsão da safra no país – e pelas vendas aquecidas. O início da colheita, no entanto, limitou as altas. Os vencimentos Dez/20 e Mar/21 avançaram 8,75% e 8,53% em setembro, fechando, respectivamente, a US$ 3,79/bushel (US$ 149,20/t) e a US$ 3,8825/bushel (US$ 152,84/t) no dia 30.