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MILHO: Paridade de Exportação Sustenta Patamares Recordes de Preços em 2020

Publicado 22.01.2021, 12:00

O mercado brasileiro de milho em 2020 foi marcado por produção e preços recordes, segundo indicam pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. A forte valorização do dólar, a alta nos preços internacionais e a demanda externa aquecida sustentaram a paridade de exportação e, consequentemente, os preços brasileiros, sobretudo no segundo semestre, quando atingiram máximas reais históricas. Em termos globais, a produção foi menor.

O ano de 2020 começou com preocupações relacionadas à oferta disponível para o primeiro trimestre. O bom ritmo das exportações e o consumo doméstico elevado em 2019 reduziram o estoque de passagem brasileiro para 10,2 milhões de toneladas em janeiro de 2020 – o menor desde 2016/17, segundo a Conab. No campo, condições climáticas adversas limitaram o potencial produtivo da primeira safra, que cresceu ligeiro 0,2% em relação à anterior, somando 25,68 milhões de toneladas, conforme dados da Conab. Assim, os menores estoques aliados à produção enxuta da primeira safra resultaram em movimento de alta nos preços nos dois primeiros meses de 2020.

Entre março e junho, as perspectivas de produção recorde na segunda safra e o avanço da pandemia de covid-19 no Brasil pressionaram as cotações domésticas do cereal. Com as medidas de controle da pandemia, agentes temiam redução na demanda de exportadores e consumidores nacionais, o que, de fato, ocorreu em abril, mas logo foi compensado pelo bom ritmo das exportações e pela retomada das compras no mercado interno nos meses seguintes.

Assim, no acumulado primeiro semestre, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas –SP) teve pequena queda de 0,2%. A média no primeiro semestre, de R$ 51,88/saca de 60 kg, foi 36% superior à do mesmo período de 2019, em termos nominais.

Para a segunda safra, o clima favoreceu o desenvolvimento das lavouras, e foram colhidas 75,05 milhões de toneladas de milho, quantidade 2,5% superior à temporada anterior e um recorde. Para terceira safra, a produção foi de 1,77 milhão de toneladas, forte aumento de 46% frente a 2018/19.

No agregado, a produção brasileira foi recorde, com as três safras totalizando 102,5 milhões de toneladas. Se somada a produção total com o estoque inicial, de 10,2 milhões de toneladas, e importação de 950 mil toneladas, a disponibilidade total da safra 2019/20 é estimada em 113,65 milhões de toneladas. O consumo interno ficou em 68,66 milhões de toneladas, gerando excedente de 45 milhões de toneladas – dados da Conab.

Mesmo com a produção recorde no segundo semestre, a forte alta do dólar, os avanços nos valores internacionais e a demanda externa aquecida sustentaram a paridade de exportação e, consequentemente, os preços no mercado interno a partir de julho, que, por sua vez, alcançaram patamares recordes em outubro. Em 28 de outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa atingiu R$ 82,67/saca de 60 kg, o maior valor real da série histórica desse produto, iniciada em 2004. Já em dezembro, o enfraquecimento do dólar pressionou os valores na região dos portos e, consequentemente, no interior do País.

No balanço do segundo semestre de 2020, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa teve média de R$ 65,34/saca de 60 kg, 26% acima do semestre anterior e 60% superior ao de julho a dezembro de 2019. A média do dólar foi de R$ 5,38 no segundo semestre de 2020, valor 33% acima do mesmo período de 2019.

No acumulado do ano, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa subiu 61,8%, a R$ 78,65/sc no dia 30. Na média das regiões acompanhas pelo Cepea, o aumento nas cotações foi de expressivos 81,6% no mercado balcão e de 70,1% no de lotes. Nos portos, os avanços foram de 93,7% em Paranaguá (PR) e de 98,2% em Santos (SP), também no acumulado de 2020.

Caso as estimativas da Conab se concretizem, as exportações brasileiras na temporada 2019/20 (fevereiro/20 a janeiro/21) devem somar 34,5 milhões de toneladas. Por enquanto, a atual safra acumula (fevereiro/20 e dezembro/20) 33,5 milhões de toneladas exportadas. Os estoques finais da safra 2019/20 (final de janeiro/21) podem atingir 10,5 milhões de toneladas, 23% abaixo da média das últimas três safras. Com isso, a temporada 2019/20 deve terminar com a disponibilidade inferior à das últimas safras.

Em termos mundiais, a produção na safra 2019/20 é estimada em 1,116 bilhão de toneladas, quantidade 0,64% abaixo da anterior, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Entre os três maiores produtores, Estados Unidos, China e Brasil, houve forte redução na produção apenas para o primeiro País, de 5%. Já para China e Brasil, os aumentos foram de 1,4% e 1%, com respectivas produções de 260 milhões de toneladas e de 102 milhões de toneladas.

O consumo da temporada foi estimado pelo USDA em 1,32 bilhão de toneladas, redução de 1% em relação à anterior. Com a queda na produção mundial e o consumo se mantendo estável, os estoques finais caíram 5%, estimados em 303 milhões de toneladas. As transações internacionais são estimadas em 175,1 milhões de toneladas, aumento de 1,4% em relação à temporada anterior. Os Estados Unidos seguem como principal exportador mundial do cereal, seguidos pela Argentina, Brasil e Ucrânia.

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