Novembro se iniciou com maior interesse comprador na realização de novos negócios, o que elevou as cotações na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. O movimento altista se estendeu para o restante do mês, levando os valores a registrarem os maiores patamares nominais do ano. O avanço dos preços foi reflexo, além da demanda interna aquecida, da retração de vendedores em negociar grandes lotes, diante do ritmo forte de embarques programados antecipadamente. Por outro lado, as negociações spot nos portos não apresentam atratividade para vendedores porque os preços no interior do País seguem acima dos verificados para exportação. Assim, nas médias das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços de balcão (pago ao produtor) e no de lotes (negociações entre empresas) registraram altas expressivas em novembro, de 6,4% e 7,8%, respectivamente. Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa acumulou elevação de 14,1% entre 31 de outubro e 29 novembro, fechando a R$ 47,88/saca de 60 quilos no dia 29. Já em Paranaguá (PR) e Santos (SP), apesar das altas consideráveis, os preços médios ainda se mantêm inferiores aos do físico. Considerando o período de 31 de outubro a 29 de novembro, os aumentos foram de 6,9% e 5,4%, com médias de R$ 41,17/sc de 60 quilos e R$ 41,62/sc, respectivamente.
O forte ritmo de exportação e preocupações com a oferta nos próximos meses reflete o ritmo de negociações adiantados nesta safra. Isso porque, até meados de novembro, 95,4% da produção da segunda temporada de milho de Mato Grosso havia sido negociada, de acordo com o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). No Paraná, 74% da produção de milho segunda safra já foi comercializada, segundo o Seab/Deral. Dados divulgados pela Secex indicam que as exportações brasileiras de milho totalizaram 4,2 milhões de toneladas em novembro, 17,6% acima das 3,6 milhões de toneladas enviadas no mesmo período do ano passado. Em comparação com outubro de 2019, o volume foi 29,3% menor, quando o País exportou 6 milhões de toneladas. O aumento das exportações foi reflexo, em parte, da comercialização antecipada da safrinha 2018/19 e da alta do dólar. No acumulado do ano, o Brasil embarcou 41 milhões de toneladas de milho, mais que o dobro das 19,3 milhões de toneladas embarcadas nos onze meses de 2018.
CAMPO – A regularidade das chuvas durante a maior parte de novembro auxiliou as lavouras em todas as regiões brasileiras e na Argentina, o que favoreceu o desenvolvimento da safra verão. No Rio Grande do Sul, os dados da Emater/RS publicados no dia 28 apontaram que o cultivo foi beneficiado pelo tempo firme e pelas boas reservas hídricas na maioria das regiões, com exceção de Ijuí, onde a menor incidência de chuvas atrasou o estádio reprodutivo. Os dados apontaram que 84% da área esperada já foi semeada. Dos que foram cultivados, 62% estavam em germinação; 20%, em floração e 18%, em fase de enchimento de grãos. Segundo dados da Seab/Deral do dia 4 de dezembro, o plantio no Paraná foi finalizado na primeira quinzena de novembro. Com relação ao cereal que está na lavoura, 9% estavam em condição média e 91%, em boa situação. Quanto às fases, 55% estavam em desenvolvimento vegetativo, 34%, em floração e 11%, em frutificação.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Argentina, a semeadura de milho seguiu em ritmo lento na última semana do mês apesar das recentes chuvas e da melhora das reservas hídricas. Segundo a Bolsa de Cereales, até o dia 28, a implantação de lotes alcançou 46,2% da área nacional, registrando avanço de 8 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado. Nos Estados Unidos, segundo o relatório do USDA divulgado no dia 2, a colheita de milho nos Estados Unidos continua atrasada em relação aos últimos anos, com 89% da safra colhida até o domingo, dia 1º, ante 98% na média dos cinco anos anteriores. Apesar dos atrasos nos trabalhos de campo, os futuros apresentaram quedas consideráveis, refletindo a demanda enfraquecida. Segundo os dados do USDA, o volume embarcado até meados de novembro é 57% menor que em 2018. Diante disso, na Bolsa de Chicago (CME/CBOT), o primeiro vencimento (Dez/19) recuou 4,81%, fechando a US$ 3,7125/bushel (US$ 146,15/t). O contrato Mar/20 fechou a US$ 3,8125/bushel (US$ 150,09/t), com queda de 4,39% entre 31 de outubro e 29 de novembro.