O movimento de queda no mercado de milho continuou sendo registrado em abril na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, devido à maior oferta do cereal. Dentre os principais fatores que elevaram a disponibilidade no físico durante o mês foram o avanço da colheita da safra verão e a pressão de vendedores em liberar espaço nos armazéns – sobretudo no Centro-Oeste brasileiro.
Além disso, apesar de cedo, a estimativa de boa produtividade de milho na segunda safra também pressionou as cotações no mercado doméstico. Neste cenário de maior oferta, compradores estiveram ausentes nas aquisições de grandes volumes, aguardando quedas mais expressivas.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), teve expressiva queda de 12,5% ao longo do mês, fechando a R$ 33,63/saca de 60 kg na terça-feira, 30. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, o preço do milho teve forte baixa de 9,6% no mercado de balcão (ao produtor) e de 8,9% no de lotes (negociação entre empresas).
No mercado futuro, os contratos negociados na B3 também recuaram, pressionados pela perspectiva de oferta elevada nos próximos meses. O contrato Maio/19 se desvalorizou 13,1%, fechando em R$ 31,73/sc na terça-feira, 30. O contrato Jul/19 registrou queda de 9,2%, indo para R$ 30,7/sc.
Para o segundo plantio de milho, o bom andamento da safra de soja e as condições climáticas ideais nesta temporada geram expectativas de boas produtividade e qualidade para o cereal brasileiro. Em termos mundiais, a produção também terá incremento, reflexo principalmente do aumento no volume da América do Sul (Brasil e Argentina).
De acordo com dados da Conab, as estimativas indicam que todas as regiões devem plantar e produzir mais na comparação com o ano anterior. A produtividade nacional, por sua vez, foi estimada para crescer 19,2%. Com isso, a produção da segunda safra deve totalizar 68,13 milhões de toneladas, 26,4% superior à da safra passada. Para a safra verão, ainda em período de colheita, a produção foi estimada em 25,87 milhões de toneladas, 3,5% menor que a de 2017/18.
Assim, a safra 2018/19 somaria 94 milhões de toneladas. Ao considerar as importações de 500 mil toneladas e os estoques iniciais de 14,3 milhões de toneladas, a disponibilidade interna da temporada 2018/19 está projetada em 108,8 milhões, um recorde. Por enquanto, a demanda interna deve totalizar em 62,5 milhões de toneladas e as exportações, 31 milhões de toneladas.
As boas expectativas quanto à segunda safra brasileira refletem principalmente o bom desenvolvimento das lavouras de milho. Já a colheita do milho verão está entrando na reta final. No Paraná, 97% da área havia sido colhida até o dia 30, avanço de 20 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
No Rio Grande do Sul, segundo a Emater, os trabalhos de campo atingiram 87% da área até o dia 30, avanço de 17 p.p. no mês. As expectativas ainda são positivas para a safra gaúcha, com boas produtividade e qualidade.
Quanto à segunda safra, com os trabalhos de plantio finalizados na maioria das regiões brasileiras, produtores se atentam às condições climáticas. Até o momento, as lavouras vêm apresentando bom desenvolvimento e a expectativa é de que, a partir da segunda quinzena de maio, a colheita já se inicie.
Na Argentina, novas estimativas foram divulgadas no final de abril. Segundo a Bolsa de Cereales, serão colhidas agora 48 milhões de toneladas, 2 milhões acima do indicado nas estimativas anteriores. Essa melhora é reflexo dos bons rendimentos e do aumento na área cultivada. Quanto aos trabalhos de campo, até o dia 30, 30,9% da área tinha sido colhida.
Nos Estados Unidos, a preocupação com o clima é diferente: grandes volumes de chuvas no Meio-Oeste têm atrasado o semeio de grãos. Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a semeadura de milho está atrasada em relação à média dos anos anteriores e, até o dia 28 de abril, os trabalhos totalizaram 15%, 12 p.p. menor que os anos anteriores.
Apesar do atraso do plantio, a atual demanda enfraquecida tem pressionado os futuros. Na Bolsa de Chicago (CME Group), os vencimentos Mai/19 e Jul/19, recuaram 0,9% e 1%, ao fecharem no dia 30 a US$ 3,5325/bushel (US$ 139,07/t) e a US$ 3,6250/bushel (US$ 142,71/t), respectivamente.