No encerramento de outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas – SP) do milho chegou à casa dos R$ 82,00/saca de 60 kg, recorde real da série diária do Cepea, iniciada em agosto de 2004 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). No dia 30 de outubro, o Indicador fechou a R$ 81,89/saca, forte aumento de 28,7% no acumulado do mês. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações também registraram altas expressivas. Nas negociações entre empresas (mercado disponível), os preços subiram 26,4%, e os valores pagos ao produtor (balcão) registraram aumento de 27,4%. O avanço vem da demanda aquecida, do alto preço internacional e do dólar valorizado, estes dois últimos fatores que mantêm a paridade de exportação elevada. Muitos compradores consultados pelo Cepea, especialmente de São Paulo e do Rio Grande do Sul, relatam dificuldades em negociar grandes volumes. No Centro-Oeste, mesmo com a safra maior, vendedores seguem retraídos, atentos ao bom ritmo de exportação do cereal. Neste contexto, a comercialização segue lenta na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea.
EXPORTAÇÃO – Nos portos, os preços estiveram em firme movimento de elevação, devido à demanda externa aquecida, o que dificultou os negócios no mercado doméstico durante o mês. No acumulado de outubro, os valores nos portos de Paranaguá (PR) e Santos(SP) avançaram 20,02% e 15,9%. Novas efetivações nos portos têm sido verificadas, mas a preferência de tradings tem sido para recebimento dos lotes negociados antecipadamente. A expectativa é de que as exportações registrem bom desempenho em novembro. Segundo dados da Secex, em outubro, o Brasil exportou 5,15 milhões de toneladas de milho, com ritmo de diário de 257 mil toneladas/dia.
CAMPO – De modo geral, o clima foi seco na maior parte do Brasil em outubro. Apesar das chuvas na última semana do mês, principalmente no Centro-Sul, colaboradores sinalizaram a necessidade de maior umidade para favorecer as lavouras, em especial no Paraná e no Rio Grande do Sul. Dados divulgados no dia 26 de outubro pela Seab/Deral indicam que 92% da área estimada para o Paraná havia sido semeada. Do total cultivado, 10% estão em germinação, 89%, em desenvolvimento vegetativo e 1% está em floração, sendo que 81% apresentam boas condições. No Rio Grande do Sul, dados do dia 29 da Emater apontaram que o plantio do milho verão chegou a 72% da área estimada, contra 74% no ano anterior e 70% na média dos últimos cinco anos.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Bolsa de Chicago (CME Group), os futuros avançaram na maior parte de outubro, impulsionados por vendas aquecidas para a China e pela possível redução da produtividade da safra norte-americana. Porém, na última semana do mês, o aumento dos casos de coronavírus nos Estados Unidos pressionou os valores, limitando os aumentos no acumulado de outubro. Os vencimentos Dez/20 e Mar/21 avançaram 5,15% e 3,86% entre 30 de setembro e 30 de outubro, respectivamente, fechando a US$ 3,985/bushel (US$ 156,88/t) e US$ 4,0325/bushel (US$ 158,75/t) no último dia 30. Quanto aos trabalhos de campo, no último dia 2 de novembro, o relatório do USDA apontou que 82% do cereal norteamericano havia sido colhido, acima dos 69% na média dos últimos cinco anos e elevação de 57 pontos percentuais frente ao mês anterior. Informações da Bolsa de Cereales mostram que chuvas auxiliaram o plantio na Argentina, que havia chegado, até o dia 29 de outubro, a quase 30% da área, mas ainda 10 p.p. inferior ao registrado na temporada inferior.