Impulsionados pela demanda externa aquecida, os preços do milho apresentaram considerável elevação em junho. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a alta média das praças acompanhadas pelo Cepea foi de 5,5% e, no balcão (preço recebido pelo produtor), de 3,4%. Na região de Campinas (SP), compradores ainda aguardam um maior volume do cereal para realizarem negócios e, assim, o Indicador ESALQ/BMF&Bovespa subiu 0,8% no acumulado do mês, fechando a R$ 38,85/saca de 60 kg no dia 28. A média mensal, por sua vez, foi de R$ 38,04/sc, aumento expressivo de 9,2% em relação a maio.
As altas nos valores refletiram principalmente o aquecimento de negócios nos portos brasileiros. De maneira geral, as efetivações ocorreram em patamares maiores comparados aos do mercado interno, levando compradores brasileiros a elevarem as cotações para efetivar novos negócios, sustentando o movimento de alta na maior parte do mês.
Os preços nos portos brasileiros subiram de forma expressiva por dois motivos: as dificuldades no semeio dos Estados Unidos, principal exportador mundial de milho, e a alta competitividade internacional do milho brasileiro em junho, com os preços nos portos brasileiros abaixo das cotações norte-americanas e argentinas.
Nos Estados Unidos, apesar de a janela ideal de plantio finalizar no início de junho, produtores continuaram com os trabalhos de campo e terminaram apenas após este período. A preocupação dos agentes também se concentrou no desenvolvimento das lavouras, que tiveram problemas com o excesso de chuvas durante todo o plantio. Segundo relatório do USDA, até o dia 1º de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 56% da área, 20 p.p. menor que no mesmo período de 2018.
Quanto aos preços brasileiros, estiveram mais competitivos. Em junho, o primeiro contrato em aberto na B3 esteve 4,9% inferior ao primeiro vencimento na Bolsa de Chicago (CBOT/CME), ao passo que, no mesmo mês de 2018, os valores no Brasil superavam em expressivos 21% os negociados na bolsa norte-americana.
Neste cenário, as exportações do cereal brasileiro ficaram superiores às registradas nos anos anteriores. Segundo a Secex, em junho, foram embarcadas 1,37 milhão de toneladas do cereal, 33% superior ao mês anterior e quase nove vezes acima do registrado no mesmo mês de 2018.
Por outro lado, o movimento de alta foi limitado pelo avanço da colheita da segunda safra de milho no Brasil. No Paraná, a colheita alcançou 41% da área estadual até 1º de julho, avanço significativo de 35 p.p. no mês, segundo dados da Seab/Deral. Em Mato Grosso, entre maio e junho, produtores avançaram 37 p.p. sobre a área estadual, alcançando 40,8%, segundo o Imea/MT.
Em São Paulo, porém, até o final do mês, os trabalhos de campo não haviam se intensificado e, assim, produtores não apresentaram interesse em negociar, segundo colaboradores do Cepea.
Na Argentina, a colheita do cereal foi prejudicada pelo grande volume de chuvas durante o mês, avançando apenas 8,6 p.p. em junho, alcançando 46% da área nacional até o dia 27, segundo relatório da Bolsa de Cereales. As chuvas volumosas também dificultaram o avanço dos trabalhos no campo. Apesar disso, a produtividade se mantém alta, estimada em 9,1 t/ha, e a produção nesta campanha deve ser de 48 milhões de toneladas.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos de milho iniciaram o mês com forte alta, mas foram recuando com a previsão de melhora no clima nos Estados Unidos. O primeiro vencimento (Jul/19) chegou a US$ 4,54/bushel, um dos maiores patamares registrados para este contrato. Já no acumulado do mês, Jul/19 fechou com baixa de 1,58% no dia 28, cotado a US$ 4,2025/bushel (US$ 165,44/t), e o vencimento Set/19 apresentou queda de 2,58% em relação a maio, a US$ 4,2475/bushel (US$ 167,21/t).
Já na B3, a expectativa de maior oferta nos próximos meses pressionou os vencimentos futuros de milho. Os contratos Jul/19 e Set/19 recuaram 2,8% e 4,3%, respectivamente, ao fechar o pregão do dia 28 a R$ 37,2/sc e a R$ 37,16/sc, nessa ordem.