Em um ano em que praticamente todas as commodities, do petróleo ao cobre, incluindo a soja, saíram da euforia para o desespero, o milho é a única que registrou ganhos em 10 dos últimos 12 meses.
Embora o grão mereça uma medalha de consistência, seu bom desempenho ainda não entregou retornos extraordinários, e seus ganhos neste ano ainda estão longe da marca de dois dígitos.
No fechamento do pregão de segunda-feira, os futuros de milho na Bolsa Mercantil de Chicago apresentaram um ganho anual de mais de 9%, em comparação com os 25% do trigo, que teve um histórico mais errático ao longo do ano (usuários de desktop podem clicar aqui para ver o “desempenho” de todas as commodities em 2018).
Para 2019, os analistas acreditam que o milho seria uma opção melhor de venda do que compra. Shawn Hackett, da Hackett Financial Advisors, consultoria de mercados agrícolas em Boca Raton, Flórida, está convencido de que os investidores devem vender milho a descoberto agora para ter uma chance de fazer dinheiro no novo ano.
É necessário haver uma interrupção da oferta para um aumento maior dos preços
Segundo Hackett:
“É difícil ver o mercado de milho apresentando uma alta significativa, a menos que a Mãe Natureza faça uma visita desagradável à América do Sul ou o mercado de trigo saia decolando. Apostamos na alta do trigo, mas ainda achamos que o milho pode ter um baixo desempenho nesse cenário.”
O milho, que iniciou o ano a US$ 3,5075 por bushel, atingiu a máxima de dois anos de US$ 4,1225 em maio, antes de se consolidar nos níveis atuais ao redor de US$ 3,84 no contrato futuro com vencimento em março.
De acordo com Hackett:
“O dinheiro esperto no mercado de milho continua enxergando venda e está seguindo um caminho mais baixista. Um sinal de venda do dinheiro esperto combinado está bastante próximo de ser acionado. Os preços estão pressionados pela importante resistência próxima à base de US$ 3,90 para o contrato de março.”
A expressiva demanda de exportação deste ano pode não se repetir
De acordo com Hackett, a alta foi impulsionada principalmente pela expressiva demanda de exportação do milho cultivado nos EUA, graças às safras deficientes na América do Sul e na UE. Em suas palavras:
“Isso aconteceu em um momento em que os agricultores norte-americanos tendem a trancar o milho nos silos até o ano-novo, exigindo preços mais altos para forçar as vendas."
Hackett afirmou que, embora a tendência de exportação possa continuar por mais tempo,
“Se a produção de milho na América do Sul se revelar tão boa quanto parece neste momento, começaremos a ver novas ofertas competindo por uma participação no mercado mundial de exportação nos próximos meses.”
O analista concluiu:
“Essa desaceleração nas exportações norte-americanas ocorrerá em um momento em que as discussões girarão em torno dos maiores aumentos de áreas plantadas de milho nos EUA para a temporada de cultivo de 2019. Podemos estar perto da primeira grande oportunidade de vender milho aqui. Como sempre, vamos esperar pacientemente o acionamento de um sinal formal de venda do dinheiro esperto. Em resumo... Preparem-se para vender milho."
Uma correção pode gerar uma “boa” oportunidade de compra
Dan Hueber, que elabora o Relatório Hueber em St. Charles, Illinois, tem uma visão parecida:
“Sou da opinião de que o milho está prestes a fazer uma correção e, se esse movimento se materializar no início de janeiro, pode surgir uma boa oportunidade de compra nesse momento."
Jack Scoville, analista de grãos da corretora The Price Futures Group, em Chicago, observou que o milho parecia encontrar um interesse maior de venda sempre que os preços se aproximavam de US$ 3,90 por bushel no contrato de março.
Oferta e demanda de milho nos EUA não muito animadoras
Scoville afirmou que, os últimos números de exportação semanal para o milho fornecidos pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, em inglês) ofereciam suporte, mas também eram de certa forma decepcionantes, por terem ficado abaixo do limiar de um milhão de toneladas. Da mesma forma, os dados de oferta publicados pelo USDA também não trouxeram surpresas, com a produção dos principais centros concorrentes, incluindo Brasil, Argentina e Rússia, permanecendo em níveis moderados em meio a um clima favorável.
Scoville disse ainda:
“Os EUA devem continuar sendo os principais vendedores de milho no mercado internacional e de grãos forrageiros pelos próximos meses, em razão da limitada concorrência da América do Sul e da região do Mar Negro.”
Compre, venda um pouco, com a chegada do milho a US$ 4,00
Alguns analistas, como Mike Seery, da Seery Futures, em Plainfield, Illinois, são mais otimistas com o milho em 2019. Segundo Seery:
“Certamente não estou recomendando qualquer tipo de posição de venda, com a próxima resistência mais importante no nível de US$ 3,90. Acredito que existe uma possibilidade de o milho vir a ser negociado na faixa inferior dos US$ 4,00 em breve.”
Seery explica que, com o mercado acima da média móvel de 100 dias, a tendência intermediária ficaria mais alta:
“Minha única preocupação é que existe um gap de preço aberto entre US$ 3,78 / US$ 3,80, que acho que será fechado antes do desenvolvimento de uma verdadeira tendência de alta.”