Em julho, os preços do milho estiveram em alta no mercado interno na maior parte do mês, mesmo com o avanço da colheita nas principais regiões produtoras brasileiras. Essa elevação foi reflexo sobretudo da retração vendedora, que está atenta à possível menor produtividade da segunda safra brasileira, do atraso dos trabalhos em relação a 2017, além das dificuldades com o frete, que são considerados altos para as compras realizadas após o período da greve dos caminhoneiros. Entretanto, parte dos compradores permanece com intenção de negociar, ainda que em lotes menores e a preços mais altos.
Com isso, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou forte alta de 6,4% em julho, fechando a R$ 39,34/sc da 60 kg na terçafeira, 31. Porém, a média mensal de julho fechou a R$ 37,22/sc de 60 kg, recuo de 8,2% comparado ao mês anterior. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços avançaram 4% nos mercados de balcão (ao produtor) e 2,1% de lotes (negociação entre empresas) em julho.
CAMPO – O tempo seco beneficiou grande parte da colheita; porém, em relação ao mesmo período no ano passado as atividades estão atrasadas. No Paraná, a colheita chegou a 31% até o dia 30, segundo os dados do Seab/Deral. Na comparação com a temporada anterior, esse número é 26 p.p. menor. Com relação às condições das lavouras, apresentam menor qualidade frente a 2017. Cerca de 24% delas estão em boas condições; 51%, em condições médias e 25%, ruins. Já o percentual comercializado em julho chegou a 19%.
Em Mato Grosso, segundo dados do Imea, até o dia 27, 80,5% da produção havia sido colhida, 7,44 p.p. menor que a temporada anterior. Já a comercialização chegou a 68,1% até a última semana de julho.
MERCADO EXTERNO – Na Argentina, as boas condições climáticas auxiliaram os trabalhos de campo e a colheita avançou 20 p.p. no mês, chegando a 84%, segundo a Bolsa de Cereales em relatório divulgado na quinta-feira, 2 de agosto. Ainda conforme o órgão, a produtividade nesta temporada segue abaixo da média das últimas campanhas. As estimativas oficiais de produção da safra 2017/18 foram reajustas negativamente, ainda por causa dos problemas climáticos durante o desenvolvimento das lavouras. A expectativa é de que a produção totalize 31 milhões de toneladas, 1 milhão a menos que as projeções anteriores.
Nos Estados Unidos, durante os primeiros dias do mês as lavouras apresentaram boas condições. Apenas na segunda quinzena, o baixo volume de chuvas e as previsões de clima seco e quente no Meio-Oeste prejudicaram as condições das lavouras norte-americanas e impulsionaram nas cotações. De acordo com dados divulgados pelo USDA no dia 30, 72% das lavouras estão em boas condições, 10 p.p. menor que a temporada anterior.
Assim, na Bolsa de Chicago (CBOT), os vencimentos Set/18 e Nov/18 subiram 10,3% e 11,4% em julho, a US$ 3,7225/bushel (US$ 146,55/t) e US$ 3,865/bushel (US$ 152,16/t), respectivamente.
EXPORTAÇÃO – Os embarques de milho registraram maior volume nos portos brasileiros em julho. Segundo dados da Secex, 1,17 milhão de toneladas de milho foram embarcadas. Apesar da reação em relação ao mês anterior (oito vezes maior), a quantidade é praticamente metade do volume de julho/17. Tradicionalmente, as exportações brasileiras ganham ritmo com a entrada do milho segunda safra a partir de julho. No entanto, as atuais incertezas quanto ao impacto da estiagem no período de desenvolvimento das lavouras aliadas aos elevados patamares de preços do mercado interno têm limitado os embarques. Além disso, problemas com as novas tabelas de fretes e os atrasos nas entregas de lotes de soja também influenciam o baixo volume embarcado.