Em fevereiro, os preços do milho chegaram aos patamares mais elevados desde o início de 2017, em termos nominais. O aumento está atrelado às expectativas de menor produção na temporada atual (2017/18), aos fretes mais elevados, devido ao escoamento da soja, à forte retração vendedora no mercado paulista e ao ritmo de embarques que, apesar do enfraquecimento, ainda está elevado na comparação com anos anteriores.
Nesse cenário, a média do Indicador de ESALQ/BM&FBovespa, (Campinas – SP) registrou forte avanço de 6% entre janeiro e fevereiro, a R$ 34,76/saca de 60 kg no segundo mês do ano – a maior média desde fevereiro de 2017. No acumulado de fevereiro, a alta é de 19,6%.
A forte alta também foi verificada na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Com isso, as médias para os mercado de balcão (preço pago ao produtor) e disponível (negociação entre empresas) avançaram 9,5% e 9,2%, respectivamente, de um mês para o outro.
As negociações seguiram de forma pontual na maior parte de fevereiro. De forma geral, agentes seguiram retraídos nas vendas, fundamentados, sobretudo, na expectativa de menor produção na atual temporada – a Conab estima queda de 19% na safra de verão em relação à anterior.
No front externo, segundo dados da Secex, o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas em fevereiro, fortes 150% acima do volume embarcado em janeiro. Entretanto, devido ao maior volume de soja disponível e à opção dos exportadores em negociar a oleaginosa, os embarques do cereal devem recuar.
Aliado a isso, o baixo estoque de consumidores e a maior necessidade de reposições fizeram com que compradores acabassem cedendo. Esse cenário foi observado sobretudo no final do mês. Com a lentidão, vendedores permanecem recuados, como forma de precaução, à espera de melhora nas negociações, além da maior preferência para o mercado de soja.
No campo, as condições climáticas adversas marcaram o mês. Enquanto o Sul do Brasil se preocupa com o clima seco, o Centro-Oeste registrou consideráveis volumes de chuvas. No Rio Grande do Sul, a colheita da safra de verão atingiu 40% da área estimada até 1º de março. Segundo a Emater/RS, a produtividade é boa na região norte, mas a falta de chuva ainda preocupava no sul. Já no Paraná, segundo a Deral/Seab, até a última semana de fevereiro, a área semeada na segunda safra foi de 42%, apresentando 100% das lavouras em boas condições. Já a colheita da safra verão se aproximava de 10% do total até 26 de fevereiro.
Em Mato Grosso, o maior volume de chuvas no início do mês atrasou os trabalhos de campo. Segundo o Imea, o atraso foi de 12 p.p. comparado ao ano anterior, com 68,4% da área total semeada até 23 de fevereiro.
Na Argentina, o clima seco também preocupa. Segundo a Bolsa de Cereales, os rendimentos das lavouras até o final de fevereiro estavam abaixo do normal e a falta de chuvas podia prejudicar as lavouras que ainda estão em desenvolvimento. Até aquele momento, a projeção da produção se mantinha em 37 milhões de toneladas.
Com isso, os preços externos do cereal na Bolsa de Chicago (CBOT) registraram forte alta em fevereiro. O contrato com vencimento em Mar/18 avançou 3,74%. Os contratos Mai/18 e Jun/18 registraram alta de 3,56% e 3,35%, respectivamente. Acompanhando a alta externa e as especulações quanto à safra brasileira, os contratos futuros de milho na BM&FBovespa (SA:B3SA3) seguiram registrando elevação significativa. O contrato Mar/18 avançou 19%, fechando a R$ 39,30/sc. Mai/18 e Jun/18 subiram 12,9% e 10,2%, respectivamente, no mesmo período.