As cotações do milho seguiram tendências opostas em abril, mas acabaram encerrando o mês com forte desvalorização no acumulado. Nas três primeiras semanas, os preços recuaram na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, refletindo a retração de compradores, a necessidade de alguns vendedores de negociar – devido ao avanço da colheita da safra verão – e as expectativas de produção recorde da segunda safra. As desvalorizações mais expressivas foram registradas em praças mineiras, mato-grossenses e paulistas. No Sudeste, as colheitas de algumas áreas da safra verão levaram produtores a negociar parte da mercadoria para pagamento das despesas e de custeio, o que acabou reforçando o movimento de queda dos valores. Ainda assim, muitos vendedores comercializaram apenas lotes pontuais. Já nos últimos dias do mês, houve reação em algumas regiões, especialmente nas consumidoras. A recuperação veio após os futuros atingirem os maiores valores em 10 anos na Bolsa de Chicago (CME Group), superando os US$ 8/bushel em alguns momentos, patamar observado pela última vez em 2012. Esse cenário animou produtores, que voltaram a reduzir a quantidade de ofertas.
PREÇOS – Assim, no acumulado de abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa caiu 5,2%, fechando a R$ 88,25/saca de 60 kg no dia 29. A média mensal, de R$ 88,78/sc, recuou expressivos 11% sobre a de março. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores do milho acumularam baixas de 2,3% no mercado de lotes (disponível) e de ligeiro 0,1% no de balcão (ao produtor). Quando comparadas as médias mensais, as desvalorizações foram de 11,8% e de 10,4%, respectivamente. Já na B3 (SA:B3SA3), os vencimentos Maio/22 e Set/22 avançaram 1% e 5% no acumulado do mês, fechando a R$ 92,26/sc e a R$ 94,93/sc, respectivamente, no dia 29.
PORTOS - Nos portos, as cotações também caíram na maior parte do mês, tendo em vista a baixa demanda para entrega imediata e a desvalorização da moeda norte-americana frente ao Real. Os valores em Paranaguá (PR), que chegaram a operar a R$ 110/sc em meados de março, passaram para a média de R$ 90/sc em abril. Mesmo assim, os preços seguiram mais elevados que os praticados no mercado interno. No mercado a termo, com foco no segundo semestre, as negociações também foram lentas, com compradores e vendedores atentos ao ritmo de plantio nos Estados Unidos e às tensões entre Ucrânia e Rússia. O clima desfavorável à semeadura nos Estados Unidos pode elevar a demanda pelo cereal brasileiro. Vale lembrar que outros importantes fornecedores de milho, como Ucrânia e Argentina, também enfrentam problemas na atual temporada. Na Ucrânia, além das interrupções dos embarques pelo Mar Negro, a semeadura, prevista para abril e maio, pode não acontecer da maneira ideal, diante das dificuldades no transporte dos insumos. Na Argentina, a Bolsa de Cereales estima que serão produzidas 3,5 milhões de toneladas a menos nesta temporada, totalizando 49 milhões em 2021/22. Quantos aos preços, entre março e abril, as médias nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP) recuaram expressivos 13%, para R$ 90,47 e R$ 90,3/sc.
INTERNACIONAL - Os preços externos estiveram em alta na maior parte de abril, refletindo principalmente as preocupações com o atraso da semeadura nos Estados Unidos. Assim, os contratos Mai/22 e Jul/22 avançaram fortes 9,3% entre 31 de março e 29 de abril, fechando a US$ 8,1825/bushel (US$ 322,13/t) e a US$ 8,135/bushel (US$ 320,26/t), respectivamente, no dia 29. Nos Estados Unidos, até o dia 2, apenas 14% da área estimada para ser ocupada com milho havia sido semeada, contra 42% no mesmo período de 2021 e 33% na média de 2017 a 2021, conforme dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
CAMPO - No Brasil, a semeadura da segunda safra foi finalizada, e o desenvolvimento das lavouras está satisfatório na maior parte das regiões. No entanto, os produtores de algumas praças do CentroOeste estão em alerta, visto que não chove na região há mais de duas semanas. Já no Paraná, temporais com granizo danificaram algumas plantações na última semana de abril. Ainda assim, no geral, as estimativas são positivas para a temporada brasileira em 2021/22. Na quinta-feira, 28, a Seab/Deral estimou produção recorde de 16 milhões de toneladas para o Paraná, 100 mil toneladas a mais que o volume apontado no relatório anterior e três vezes o volume colhido na safra 2020/21, quando apenas 5,7 milhões de toneladas foram produzidas. A produção brasileira da segunda safra em 2021/22 segue estimada em 88,53 milhões de toneladas pela Conab, um recorde. Quanto à safra verão, a Conab indicou que a colheita somava, até o dia 23, quase 66% da área brasileira. No Paraná, dados da Seab/Deral mostraram que 96% da área de verão havia sido colhida até o dia 24. No Rio Grande do Sul, a Emater/RS relata que 84% das lavouras foram colhidas e que as demais áreas apresentavam boas condições até o fim de abril.