As cotações de milho continuaram em alta em agosto, atingindo recordes nominais da série do Cepea. O avanço foi reflexo da demanda interna aquecida, do bom ritmo das exportações e do baixo interesse de vendedores em negociar grandes lotes. Mesmo com o avanço da colheita da segunda safra, produtores seguiram limitando a disponibilidade, atentos à perspectiva de novos aumentos nas cotações. A valorização do dólar e o avanço nos preços internacionais também impulsionaramos valores no físico.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas/SP) acumulou forte alta de 20,6% em agosto, fechando a R$ 61,25/sc de 60 kg no dia 31 – o maior valor nominal da série, iniciada em 2004. A média mensal foi de R$ 56,62/sc, a maior, em termos reais, desde março de 2020, quando foi de R$ 60,36/sc – o recorde real do Cepea, de R$ 73,2/sc, foi verificado em dezembro de 2007 (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI jul/20). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, no acumulado do mês, os preços registraram fortes altas de 17,9% no mercado balcão (valor pago ao produtor) e de 21,9% no disponível(negociações entre as empresas).
EXPORTAÇÃO – Nos portos brasileiros, os preços também atingiram recordes nominais em agosto. Em Paranaguá (PR), as cotações fecharam o mês em R$ 58,65/sc – o maior valor nominal da série do Cepea; em Santos (SP), o recorde nominal, de R$ 61,48/sc, foi registrado no dia 28. No acumulado do mês, os preçossubiram 18,6% e 20,1%, respectivamente. Quanto aos embarques, de acordo com dados da Secex, o Brasil exportou 6,48 milhões de toneladas em agosto, 56% maior que em julho (4,15 milhões de toneladas), mas 11,5% inferior ao volume registrado em ago/19.
CAMPO – Os cenários foram distintos em agosto: algumas regiões já finalizaram a colheita da segunda safra, outras estão concluindo, e algumas praças, como Paraná e Rio Grande do Sul, já iniciaram o plantio da safra verão 2020/21. Segundo dados do Deral/Seab divulgados no dia 31, a estimativa é de que 9% da área de milho verão (2020/21) já esteja semeada no Paraná. Quanto à colheita da segunda safra, ainda restam 22% da área estadual.
No Rio Grande do Sul, a geada que atingiu as lavouras nos dias 20 e 22 de agosto afetou as plantas que já emergiram, queimando as primeiras folhas. Segundo os dados da Emater divulgados em 3 de setembro, as lavouras começaram a sentir os efeitos da falta de umidade no solo, visto que não houve registro de chuvas em mais de 20 dias. Porém, por enquanto, a estimativa de queda na produtividade é baixa. Em Mato Grosso, a colheita foi finalizada em meados de julho, enquanto em Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), até o dia 28, a colheita havia alcançado 64,1% da área estadual, atraso de 35,9 p.p em relação à temporada anterior.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Argentina, produtores começaram o semeio dos lotes precoces da temporada verão 2020/21. No dia 27 de agosto, a Bolsa de Cereales indicou que a área destinada à safra verão deve ser de 6,3 milhões de hectares. Nos Estados Unidos, tempestades de vento e uma forte seca atingiram as lavouras de Iowa nas últimas semanas no mês, afetando as condições das lavouras. Segundo o relatório do NASS/USDA divulgado no dia 31, 62% das lavouras estão avaliadas em condições boas ou excelentes, 10 p.p. menor que o divulgado no início do mês. O Departamento indicou que cerca de 12% das lavouras do cereal estavam em estado de maturação, frente aos 10% na média dos últimos cinco anos.
Além das preocupações com o desenvolvimento das lavouras, os futuros na Bolsa de Chicago (CME Group) também foram impulsionados pela forte demanda pelo grão estadunidense. Em boa parte de agosto, exportadores seguiram relatando bom volume de vendas,sobretudo para a China. Com isso, entre 31 de julho e 31 de agosto, o contrato Set/20 avançou consideráveis 10,28%, fechando a US$ 3,485/bushel (US$ 137,20/t). Os vencimentos Dez/20 e Mar/21 subiram 9,40% e 8,65%, indo para US$ 3,575/bushel (US$ 140,84/t) e US$ 3,675/bushel (US$ 144,68/t) no dia 31, respectivamente.