Com a disparada do dólar, os preços do milho seguiram em alta em agosto no mercado interno. A valorização cambial eleva o interesse pelas exportações, resultando em alta dos valores nos portos, sobretudo para as ofertas para os próximos meses.
Além disso, a retração vendedora também seguiu dando suporte aos preços domésticos, mesmo com a colheita do cereal se aproximando da reta final em agosto. Esse recuo de produtores esteve atrelado à menor oferta desta segunda safra e ao alto valor do frete, principalmente dos lotes com origem do Centro-Oeste. Do lado comprador, boa parte ainda recebia lotes negociados antecipadamente, mas alguns que precisam adquirir novos volumes reforçavam o movimento de alta, principalmente nas regiões consumidoras, como São Paulo e Santa Catarina.
Com isso, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou forte alta de 4,5% no acumulado de agosto, fechando a R$ 41,1/sc da 60 kg na quinta-feira, 31. Já a média do mês fechou a R$ 41,17/ R$ a saca de 60 kg, alta de 10,6% na comparação com julho.
Os preços regionais também seguiram com altas consideráveis entre julho e agosto. Os preços de balcão estiveram maiores que os de lote em boa parte do mês. Isso porque produtores apenas negociavam lotes quando existia a necessidade de fazer caixa, se concentrando nos trabalhos de campo. Porém, no acumulando de agosto, o avanço é de 8% para negociações entre empresas (mercado disponível) e de 6,8% nos preços pagos ao produtor (balcão).
MERCADO EXTERNO – Na Argentina, a colheita também caminha para o fim e as especulações quanto à nova já se iniciaram. Segundo a Bolsa de Cereales, 98,5% da área total foi colhida, que tem previsão de 31 milhões de toneladas na safra 2017/18. O restante a ser colhido se concentra especialmente nas regiões norte e sul da Argentina. Ainda de acordo com a instituição, a área da safra 2018/19 pode ser 7,4% maior que a anterior, chegando a 5,8 milhões de hectares.
Nos Estados Unidos, as condições de lavouras têm ditado o ritmo do mercado. De maneira geral, as boas condições nas lavouras norte-americanas têm derrubado os preços na Bolsa de Chicago (CME Group). Segundo relatório do USDA, 22% das lavouras do cereal estão em estado de maturação, 11 p.p. acima da média dos últimos cinco anos, com 67% da área avaliada em condições boas ou excelentes.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os vencimentos Set/18 e Dez/18 caíram 5,7% e 5,6%, indo para US$ 3,51/bushel (US$ 138,18 /t) e US$ 3,65/bushel (US$ 143,69/t), respectivamente.
CAMPO – Agricultores dos principais estados produtores, Paraná e Mato Grosso, avançaram com a colheita, chegando, até o final de agosto, a 76% e a 99%, respectivamente, das áreas totais. Em São Paulo, Goiás e Minas Gerais, os trabalhos também estão avançados, segundo colaboradores do Cepea. Apenas no Paraná que o ritmo das atividades foi limitado pelas chuvas na terceira semana do mês.
A safra verão também já começou em algumas regiões do Rio Grande do Sul, mas ainda em ritmo lento frente ao mesmo período do ano passado, segundo a Emater. Isso porque, em 2017, as primeiras implementações foram realizadas ainda em julho. Agora, as preocupações se voltam ao clima, que pode limitar o avanço do plantio nos próximos dias. Segundo a Emater, na próxima temporada, a área pode ser 5,53% maior, chegando a 738 mil hectares, totalizando produção de 5,03 milhões de toneladas, alta de 11,3%, mas ainda inferior à estimativa de consumo no estado, de 6,5 milhões de toneladas.