O Ibovespa segue próximo de seus menores níveis de 2021, e uma classe de investimentos que tem sofrido bastante é a indústria de fundos com pedidos de resgates dos investidores.
Segundo a Anbima, no dia 17 de novembro, os fundos de ações sofreram resgates da ordem de 447 milhões de reais apenas nesta data.
Se você investe em fundos e está preocupado (a) com a instabilidade da Bolsa, fique tranquilo.
O que está acontecendo com a indústria de fundos?
Os multimercados possuem pouca exposição ao Brasil, ainda que diversos deles já entendam que os preços dos ativos nos níveis atuais aguentem bastante desaforo.
Quando fazem isso, estão realizando muito mais posições de valor relativo entre os setores ou mais, comprados em empresas mais ligadas ao ciclo global (commodities).
Os multimercados têm se aproveitado mais do cenário global, que é mais construtivo e de crescimento maior. Isso acaba se traduzindo em posições compradas em bolsas globais (especialmente americana e europeia).
Outro fator que tem pesado no desempenho é que muitos gestores possuem posições tomadas em juro americano (apostando na alta) achando que a inflação por lá será mais persistente do que o Fed acredita.
O pânico da nova variante
Para piorar o cenário macroeconômico, uma nova variante surgiu na África do Sul, onde os índices de vacinação ainda são baixos. Em resposta à nova cepa e aos avanços de variantes “comuns”, sobretudo na Europa, houve um movimento de queda generalizada dos mercados globais na sexta, 26.
O comportamento lembra o que vimos no início da pandemia, em março do ano passado, com os investidores optando por sair de ativos mais voláteis, como ações, e buscando alocações mais seguras, como títulos da dívida e dólar.
Resgate de fundos tem pressionado o Ibovespa
Explicando resumidamente, os saques fazem com que os gestores sejam obrigados a vender suas posições no mercado para fazer frente aos pedidos de resgate.
Outro ponto é que os gestores de ações também estão sofrendo com resgates. Então isso acaba pesando sobre a Bolsa de Valores brasileira, a B3 (SA:B3SA3).
Paralelamente, a falta de visibilidade do mercado em relação ao que teremos à frente em se tratando do lado fiscal e o imbróglio político e eleições continuam atrapalhando o Ibovespa.
Diante disso, o único comprador de bolsa brasileira tem sido o gringo, com o investidor institucional local e a pessoa física vendendo.
Captação de fundos no campo negativo
Existe uma certa confusão quando são analisados os dados fechados, pois aparece uma aplicação positiva de quase 70 bilhões, mas a verdade é que grande parte disso é de fundos de investimento no exterior, o que não representa a realidade.
O multimercado macro, o mais representativo do perfil médio da indústria, está com um resgate líquido no ano de 18,4 bilhões de reais. Só em novembro (22/11), foram 3,9 bilhões de reais de saída de fluxo, levando a um saldo negativo no acumulado mensal.
Isso é um cenário bem curioso na visão do nosso analista, porque diversos multimercados estão com performances bastante interessantes no ano. O que talvez possa explicar isso, em partes, é uma migração de dinheiro para fundos de crédito.
Ainda vale a pena diversificar em fundos?
Você deve estar se perguntando: o que fazer neste cenário? Fundos ainda valem a pena?
Sabendo escolher bem, você consegue ótimos resultados nos multimercados. Em um ano a bolsa cai -11 por cento, diversos fundos que estão nas recomendações da nossa série estão com retorno entre +7 por cento e +8 por cento, enquanto o CDI está em +3,4 por cento e a indústria de multimercado está com +2 por cento.