Eu tinha um chefe que dizia que não comprava (investia) em Vale (BVMF:VALE3) pois não era tatu.
Lembrei dele hoje, dado que as ações andam numa pior.
Dentre as maiores quedas dos últimos dias, Vale (VALE3), Bradespar (BVMF:BRAP4) (BVMF:BRAP3) e as demais empresas do setor de siderurgia (BVMF:CMIN3) se destacam.
O motivo como quase sempre no caso de commodities (A NÃO SER QUANDO OCORRE, LITERALMENTE, UM DESASTRE), é o preço do produto:
O preço do minério de ferro chegou ao menor patamar em quatro meses, em US$116, com queda de cerca de 10% nos últimos dias.
A causa para os preços fracos é a menor demanda.
O consumo de aço na China está decepcionante justo numa época que seria o pico de construção no país.
Inclusive os resultados da ArcelorMittal (AS:MT) descepcionaram:
A China está crescendo muito menos
O PIB chinês até que não veio tão ruim no último dado, mas segue com crescimento em desaceleração nítida, como você pode ver no gráfico abaixo.
O ciclo não joga a favor das commodities
Além de uma China que cresce menos, a preocupação com a economia mundial é grande, dada a possível recessão nos EUA.
As commodities são a matéria prima inicial de tudo, e, portanto, a primeira coisa a ser comprada.
Se o mercado de construção vai bombar, isso demanda aço, que demanda minério.
Mas, hoje em dia, temos exatamente o contrário e em Wall Street só fala na recessão que pode vir nos EUA com as altas de juros do FED.
Perceba que ao longo da história, o minério negociou em períodos de recessão e crise em patamares significativamente menores que hoje e abaixo dos US$100 o que deixa mais espaço para quedas.
Vimos a fraqueza no petróleo também, que caiu das máximas de US$116 com a invasão da Ucrânia e sanções a Rússia, mas no caso deste, o cartel age rapidamente para sustentar preços.
A OPEP+ cortou produção e mais recentemente surpreendeu o mercado com um corte que não estava programado, mostrando grande disposição de manter o preço em torno de US$80
Moral da história, podemos ver mais quedas no preço do minério, se o FED mantiver os aumentos de juros, bem como outras potências.
A alta de juros adicional é bem provável, dado as últimas falas e a força que ainda vemos no mercado de trabalho americano e na inflação que instiste em manter -se alta, como no Reino Unido no destaque abaixo.
No fim das contas, talvez meu ex-chefe, um "dinossauro" do mercado de capitais, estivesse certo...