- Mercado da platina deve registrar escassez recorde.
- Enquanto isso, Departamento de Defesa dos EUA se comprometeu a aumentar a oferta do níquel.
- Preços do paládio estão em seu nível mais baixo desde 2018.
O ano de 2023 tem sido bastante desafiador para os metais industriais, em particular a platina, o paládio e o níquel, que acumularam quedas de 15,57%, 30,76% e 31,76% desde janeiro, respectivamente.
Esse desempenho negativo pode ser explicado principalmente pela política monetária restritiva do Federal Reserve, que provocou uma valorização do dólar e uma elevação nos juros dos títulos dos EUA.
Esses fatores geraram um ambiente desfavorável para o mercado de commodities. No entanto, no longo prazo, as commodities podem apresentar pressões altistas devido à escassez global gerada pelo crescimento da eletromobilidade e das fontes de energia renovável, que estão aumentando a demanda nesses setores.
Consequentemente, vale a pena avaliar a oportunidade de posições compradas que poderiam se beneficiar de uma potencial mudança na política monetária do Fed.
Platina: comprados conseguirão defender mínimas locais?
Nos últimos meses, os preços da platina têm sido caracterizados pela indefinição em relação à sua direção, resultando em uma fase de consolidação na faixa de US$ 890 a US$ 1.000. No curto prazo, o dólar mais forte está atuando como um entrave para os compradores, levando a um teste da fronteira inferior dessa faixa lateral.
Se a pressão vendedora continuar prevalecendo, o próximo alvo serão as mínimas de 2022, situadas ligeiramente acima de US$ 800. É importante observar que os dados de inflação dos EUA podem ter um impacto significativo na precificação dos metais.
Leituras de inflação mais altas do que o esperado podem reforçar ainda mais o cenário vendedor. No médio e longo prazo, a escassez de platina pode ter um papel crucial no potencial desenvolvimento de uma tendência de alta. De acordo com o World Platinum Council, a escassez em 2023 pode chegar a um milhão de onças, devido principalmente a um aumento de 27% na demanda, enquanto a oferta permanece inalterada.
Níquel: quedas podem continuar?
Quanto ao níquel, há a possibilidade de que as quedas de preço continuem. A pressão crescente no nível de suporte local, que está em torno da importante barreira psicológica de US$ 20.000, pode levar a uma ruptura baixista nos próximos dias. Isso poderia se materializar em uma formação de triângulo retângulo descendente. Nesse cenário, um alvo natural para os vendedores seria as mínimas de preço na proximidade de US$ 18.000.
Os vendedores no mercado de níquel podem encontrar suporte no acordo recentemente assinado entre o Departamento de Defesa dos EUA e a empresa canadense Talon Metals Corp, com o objetivo de aumentar a produção de metal avaliada em mais de US$ 20 milhões. O objetivo principal desse projeto é impulsionar a produção em uma mina em Minnesota, potencialmente reduzindo a dependência da empresa em relação à China ou à Rússia nas cadeias de suprimento.
Paládio: consolidação de preços pode ser rompida?
Quanto ao paládio, ele compartilha muitas propriedades com a platina e é frequentemente usado de forma intercambiável no setor industrial, especialmente na indústria automobilística. No início deste mês, testemunhamos uma tentativa frustrada de sair de um padrão de consolidação, resultando em novas mínimas em níveis não vistos desde 2018. Diante de uma forte reação pelos compradores, é possível que o preço permaneça dentro de uma faixa lateral com um alvo próximo à banda superior em torno de US$ 1.330-1.340.
Se a influência de um dólar mais forte continuar a pesar no mercado, a tendência baixista no paládio pode persistir, com um desafio potencial para a área de US$ 1.100. No entanto, vale a pena notar que, semelhante à platina, a escassez no mercado, estimada em menos de um milhão de onças, poderia oferecer suporte ao lado comprador no longo prazo.
(Tradução de Julio Alves)
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