Apesar da produção em queda no Sul do País, o preço médio do leite ao produtor caiu pelo quarto mês seguido em dezembro, refletindo ainda os efeitos da demanda enfraquecida ao consumidor final. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, na “média Brasil”, a cotação líquida (sem frete e impostos) de dez/16 foi de R$ 1,1910/litro, baixa de 3,4% (ou de 4,2 centavos/litro) em relação a novembro. No balanço do ano, porém, a média nacional subiu 18,2%, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de nov/16). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 3,2% de novembro para dezembro, passando para R$ 1,2982/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em outubro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA.
Entre as regiões sulistas acompanhadas, os recuos nos preços ao produtor também ocorreram pelo quarto mês seguido: de 3,5% no Paraná, de 2,9% no Rio Grande do Sul e de 1,4% em Santa Catarina, entre novembro e dezembro. Nos demais estados, o movimento de queda foi reforçado pelo aumento na captação.
A produção de leite no Sul do Brasil caiu pelo segundo mês seguido, limitando o aumento da captação na média nacional em pleno período de safra. De outubro para novembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve ligeira alta de 0,6%. Nesse período, houve recuo de 4,7% na produção de Santa Catarina, de 2,5% no Rio Grande do Sul e de 0,4% no Paraná. Já em Goiás, em novembro, a captação aumentou 5,7%, em São Paulo, 4,5%, em Minas Gerais, 0,9% e, na Bahia, 0,43%.
Segundo colaboradores do Cepea, a menor produção nos estados do Sul do País continua atrelada às chuvas abaixo da média na região. Com isso, a disponibilidade de forragens está reduzida e a receita do produtor, em queda, limitou os investimentos na atividade, principalmente, com relação as reformas das pastagens.
Para janeiro, previsões de chuvas ainda abaixo da média no período de safra, principalmente no Sul do País, mudaram as expectativas dos laticínios/cooperativas. A maioria dos agentes entrevistados (66,7%), que representam 74,4% do leite amostrado, já acredita em estabilidade de preços, o que pode indicar uma mudança de tendência no curto prazo. A outra parcela está dividida entre queda (19,7%) e alta (13,6%) dos valores.
No mercado de derivados, o leite UHT registrou a primeira alta mensal depois de consecutivas quedas desde agosto/16 (dados parciais até 28 de dezembro), enquanto o queijo muçarela continuou em desvalorização, pelo quinto mês seguido. Esse cenário elevou a expectativa de agentes de estabilidade e alta para os próximos meses, visto que o derivado lácteo mais consumido no Brasil é um dos pilares de formação do preço pago ao produtor. Os valores médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em dezembro foram de R$ 2,26/litro e de R$ 14,80/kg, respectivamente, alta de 4,9% para o primeiro e queda de 6,4% para o segundo, em relação às médias de novembro. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Gráfico 1: ICAP-L/Cepea – Índice de Captação de Leite – NOVEMBRO/16.(Base 100=Julho/2004)
Fonte: Cepea-Esalq/USP e PTL-IBGE.
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em DEZEMBRO/16 referentes ao leite entregue em NOVEMBRO/16.
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
Tabela 2. Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA
Fonte: Cepea-Esalq/USP.