A relação das pessoas com o mercado financeiro está mudando, principalmente quando nos referimos ao público feminino. Não faz muito tempo, o setor parecia uma exclusividade dos homens, mas a tecnologia, assim como o modelo de day trade baseado em mesas proprietárias, contribuíram bastante para que as mulheres começassem a conquistar um lugar que também é delas. E para quem duvida de que elas estão cada vez mais numerosas nos canais de “operação”, um levantamento feito pela Axia Investing em setembro deste ano e divulgado agora em outubro não me deixa mentir.
A pesquisa mostra que o número de mulheres que fazem day trade praticamente quintuplicou nos últimos anos. Na primeira pesquisa, feita em 2021, elas representavam apenas 2,5% do total de profissionais. Hoje, elas são 15,66% do total de pessoas que escolheram este trabalho como forma de obtenção de renda principal ou complemento de salário. Vale lembrar que o grupo Axia é composto pelas mesas proprietárias Axia Investing e Star Desk que, juntas, reúnem mais de 10 mil traders aprovados nas mesas, uma base de dados respeitável.
Baseio-me na pesquisa para falar do tema, mas não somente nela. O interesse das mulheres no mercado financeiro não se limita ao day trade. Quem mostra isso é a B3 (BVMF:B3SA3), a Bolsa de Valores brasileira. Segundo a empresa, em 2021 havia 1,154 milhão de mulheres cadastradas na Bolsa e em 30 de setembro de 2024 a quantidade já era de 1,539 milhão. A elevação da participação foi menor, de 23,19% para 25,66%, mas deve-se considerar que os dados da B3 se referem ao total de investidores e não há dados separados por tipo de investidor.
Na minha análise, é até natural que a cada ano aumente a participação das mulheres neste mercado. Além da internet tornar a informação mais acessível, aos poucos elas vão percebendo que o trabalho de trader, se realizado com conhecimento, propicia renda e, melhor, ocupando pouco tempo no dia a dia. Dá para conciliar com outro emprego ou outras tarefas. Inclusive, é uma ótima opção para as mulheres que trabalham de casa (home office) e procuram uma segunda fonte de renda, pois elas conseguem organizar melhor o tempo.
O mais interessante de tudo isso é que o mercado financeiro não tem preconceito algum no que diz respeito à formação das pessoas. O interessado em operar no mercado pode ter apenas o ensino fundamental ou ter feito doutorado. Todos são bem-vindos. Usando como exemplo, as mulheres, há quem seja formada em biologia, em medicina, em engenharia, donas de casa e o mesmo vale para os homens.
O que importa é que tenha conhecimento para atuar com day trade. Preparo teórico, pois é preciso saber o que está sendo feito, e preparo psicológico para não se empolgar quando ganha nem se desesperar quando perde.
E, como disse no começo deste artigo, as mesas proprietárias têm ajudado muito nesta evolução pelo suporte que este modelo de negócio dá aos traders em geral. Operar sem ter medo de perder o próprio dinheiro ajuda muito psicologicamente, dá a confiança necessária para o trader colocar em prática sua estratégia. Ao mesmo tempo, o fato de a mesa afastar o operador caso ele atinja o percentual máximo de perda – lembrando que ele é afastado, mas não arca com o prejuízo – serve como freio para ele não abusar, não arriscar de forma perigosa.
Como se vê nas mesas proprietárias, ao mesmo tempo que proporcionam renda, atuam como escolas que não só ensinam, mas treinam profissionais para o mercado financeiro em geral. Meses depois, muitos daqueles e daquelas que iniciaram nas mesas se vêem preparados para voos mais altos, operando por conta própria. Há aqueles que além da operação diária aprendem a investir a longo prazo, a diversificar suas carteiras de investimento. É de pessoas assim que o mercado precisa e, felizmente, as mulheres estão cada vez mais inseridas nele.