Apesar de vivermos tempos turbulentos, com guerras mundo afora e um cenário político ainda muito polarizado, uma boa notícia chamou a atenção recentemente. No primeiro trimestre, segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego do país ficou em 7,9%, ou seja, 0,9 ponto percentual abaixo do primeiro trimestre de 2023. É a taxa mais baixa da série histórica dos três primeiros meses em 10 anos. O melhor índice até então havia sido registrado em 2014, de 7,2%.
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Pois bem, por mais críticas que se possa ter de um governo, o esforço para aumentar a empregabilidade e, consequentemente, a renda das famílias é muito bem-vindo. Primeiro porque pessoas empregadas têm algum poder de consumo e contribuem com o crescimento econômico a partir do consumo. Segundo porque estivemos alguns anos sob uma forte crise, por uma série de razões, inclusive sanitária, que levou à inadimplência à estratosférica. Mais emprego significa mais pessoas com dinheiro no bolso para negociar suas dívidas, e isso é bom.
Normalmente, quando se fala em empregabilidade, governo, entidades de classe, estudiosos, costumam se referir ao trabalho tradicional na indústria, comércio e serviços, com ou sem carteira assinada, mas sempre nessa linha de atividades mais conhecidas. E isso, em parte, exclui parte da contribuição que o mercado financeiro dá para que mais e mais pessoas tenham uma ocupação que proporcione ganhos interessantes, às vezes maiores do que a média.
Refiro-me aqui ao trabalho de trader. Uma profissão ainda cercada de preconceitos, mas que tem atraído a atenção de inúmeros jovens ávidos por um caminho alternativo, que lhes garanta renda e ao mesmo tempo flexibilidade e a liberdade de atuar por conta própria, sem a necessidade de viver na mesmice de bater cartão todos os dias. A quantidade de pessoas que resolveram atuar nesta área não é pequena. Segundo a B3 (BVMF:B3SA3), até março deste ano haviam 5,1 milhões de pessoas físicas cadastradas para investir na Bolsa.
É óbvio que não são todos traders. Muitos desses cadastrados, creio que a maioria, investem a longo prazo. Mesmo assim, se for realizado um levantamento mais detalhado, vamos descobrir que o número de pessoas que fazem day trade ou swing trade está na casa das centenas de milhares, no mínimo, considerando os registros da B3. Certamente que nem todo mundo que faz day trade o faz de forma constante, mesmo assim os números chamam a atenção.
Somente nas mesas proprietárias onde atuo são mais de 6 mil traders. Mas existem outras mesas proprietárias e muita gente que abre conta em corretoras para operar por conta própria. Ou seja, temos aqui um contingente respeitável que deveria ser observado com outros olhos pela sociedade. Infelizmente, as pessoas se baseiam em pesquisas que apontam para o fracasso de quem atua nesta área, porém, é preciso ponderar. Não que os levantamentos estejam errados ou distorcidos, mas eles tomam como base um cenário onde ainda há muita gente despreparada, sem o conhecimento adequado para operar.
Assim como em qualquer profissão, para ser trader é preciso ter conhecimento do mercado. Saber o que está fazendo. Então, se nos levantamentos feitos com base no cenário geral constata-se que apenas 10% dos traders ganham dinheiro e que 90% perdem, se a mesma pesquisa fosse feita com traders que atuam por meio de mesas proprietárias, o resultado seria bem diferente, pois neste modelo de negócio nenhum trader perde dinheiro e cerca de 50% deles conseguem, na média, manter uma renda mensal igual ou maior do que tinham quando trabalhavam pelo sistema da CLT.
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Isso só é possível porque só entra para operar por mesa proprietária quem está preparado, que estudou antes para participar do teste de admissão. E como a mesa impõe parâmetros, principalmente um limite de perda que ela é capaz de assumir, o profissional nunca fica no prejuízo. Mas quando ele vai bem consegue fazer uma boa renda.
O poder público gosta do emprego por carteira assinada porque além da renda dos trabalhadores, este modelo contribui bastante com a arrecadação, seja para a previdência social, seja para o FGTS que financia parte da construção civil. Não está errado, mas não se pode olhar apenas para um lado. Trabalhos como o dos traders, além de serem ocupação e gerarem renda, também recolhem impostos e inserem ou mantêm essas pessoas no mercado consumidor.
Mais do que isso, a profissão contribui para um aprendizado, na prática, que é aprender a lidar com o risco. Como os ganhos são variáveis, uns dias mais, outros menos, e há perdas também, o lucro no final do mês depende do desempenho no dia a dia. E isso fortalece o espírito empreendedor, encoraja a abrir novas empresas porque a pessoa percebe que para crescer, para não depender de um salário fixo definido pelo patrão, é preciso saber arriscar e ir adiante.
Há outra questão que devemos considerar. O mercado financeiro é muito democrático. Para ser trader não importa se a pessoa tem nível superior, médio ou primário. Importa que ela entenda o mercado. E há cursos disponíveis, gratuitos ou não, em grande quantidade. Então, estando devidamente preparado, qualquer um pode obter renda operando na Bolsa. E com risco zero se for por meio de uma mesa proprietária. Em um país que luta para reduzir suas taxas de desemprego aqui está uma chance de ouro.