O preço do ouro que subiu forte em julho sustentou o preço mesmo com a discreta recuperação do dólar frente às moedas fortes, e isto é um sinal de que o mercado convive com insegurança, visto que o metal é, inquestionavelmente, o ativo preferido quando há incertezas maiores e preocupantes em perspectiva.
Agosto teve início sem grandes empolgações e com sensatez acima do normal, como se ocorresse uma reflexão sobre o desempenho de julho, que no entendimento de grande parte de analistas teve sinais claros da economia americana de perda de intensidade, e de que a superação efetiva da pandemia do coronavírus ainda não é um fato presente, a despeito dos bons sinais em torno das vacinas que representam a esperança, o desafio ainda é grandioso e desafiador.
Contudo, há sinais de que a reflexão sobre os cinco meses da pandemia indicam que os danos foram maiores do que estimados e ainda exigirão muito dos governos e resiliência dos povos para que haja, gradual e lentamente, movimentos concretos e críveis de recuperação.
O anseio pela recuperação por vezes se coloca à frente da realidade, e, de vez em quando ocorre um choque de realidade, que é o que percebemos neste momento.
A moeda americana, o dólar, se fortaleceu frente às moedas emergentes, em especial real e peso mexicano, mas o índice DXY mostrou que a valorização foi discretíssima frente às moedas fortes.
O IIF Instituto de Finanças Internacional aponta que o fluxo de recursos para os países emergentes teve o segundo mês positivo, se bem que em julho bem menor do que junho, mas fortemente direcionado para compra de títulos e muito pouco para os mercados acionários.
No todo em julho só foram direcionados US$ 1,9 Bi para os emergentes, e seguramente o Brasil não foi contemplado e, da mesma forma não despertou atratividade para a renda fixa. Mas o número deixa evidente a baixa convicção em recuperação rápida da economia destes países.
Por aqui, continuamos ousando, como evidencia o Boletim FOCUS, que a derrocada do PIB 2020 será de tão somente 5,66%, mas o sentimento é de possa ser maior, já que para o 1º semestre do ano se estima que seja negativo mais do que 12%, e, a rigor, não há evidências concretas de que o país estará saindo da crise da pandemia, mas é até possível que o quadro perdure preocupante sendo a retomada mais desafiadora.
O PMI Índice dos Gerentes de Compra da indústria de transformação evolui em julho para 58,2 ante 51,6 em junho, mas há muita reposição de estoques que foram debilitados nos 5 meses.
O governo está claramente com dificuldades de se desembaraçar dos programas assistenciais, e sabe que a população carente precisa de ajuda e sua situação é difícil dado o endividamento ainda sem um “farol” que sinalize solução, então, tende, como noticiado, a dar continuidade ao auxílio emergencial reduzindo-o bruscamente de valor, algo em torno de R$ 200,00 mensais até o final do ano.
Como salientamos, o dólar demonstra que tem preço “dado” para o ano, com o preço flutuando entre R$ 5,00 a R$ 5,50 numa visão mais larga do intervalo, ou R$ 5,20 a R$ 5,40 num gap mais assertivo, mas não deve ter pressões de ingresso e nem de saída de divisas do país, até porque os Estados Unidos precisam de um dólar mais fraco e o estreitamento do juro americano com o europeu vai diminuir a demanda por dólares.
A questão maior está em torno do desempenho da B3 que tende a ser volátil e até com viés de baixa no semestre, já que apesar de resultados pontuais de algumas empresas parece não aglutinar “tração” para sustentar alta como esperado, e, é importante destacar que os investidores pessoas físicas representam 27% do todo e qualquer decepção pode determinar movimentos de realização.
A volatilidade do câmbio persiste e o preço oscilou ontem de R$ 5,21 a R$ 5,33, o que é muito para os volumes que vêm sendo operados como ingressos e saídas efetivas, sendo que a causa vem sendo identificada como consequência do juro baixo, minicontratos e opções na forma especulativa.
A redução da SELIC em mais 0,25% deverá acentuar a volatilidade.