Os mercados se preparam para a última semana intensa de negócios de 2023, antes de ficarem vazios por causa da proximidade das festas de fim de ano, o que tende a enxugar a liquidez global a partir da segunda-feira que vem (18). Mas o que não vai faltar são fortes emoções para os investidores nos próximos dias, que vai muito além da “Super-Quarta”.
A agenda econômica desta semana deve agitar os ativos de risco pelo mundo. Ainda mais após a surpresa altista com o payroll na última sexta-feira (8). Os dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos não sugerem cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve tão cedo. Ao invés de março, a previsão majoritária voltou a ser maio do ano que vem.
Mas ainda falta o Fed bater o martelo em relação a esse lance. Por isso, é grande a expectativa pela decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), na quarta-feira (13). O anúncio será seguido da divulgação das projeções macroeconômicas no gráfico de pontos (dot plot) e também da entrevista coletiva de Jerome Powell.
A esperança é de que esses eventos indiquem por quanto tempo a taxa de juros nos EUA deve seguir em nível elevado. Os investidores buscam essas pistas para também calibrar o rumo da taxa Selic em 2024, em meio à redução dos riscos fiscal e externo. Aliás, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre horas após os eventos do Fed.
Terça quente, quinta nobre…
Porém, antes da “Super Quarta”, tem a “Terça Quente”. Dados de inflação ao consumidor no Brasil (IPCA) e nos EUA (CPI) serão conhecidos amanhã (12) e devem reforçar os sinais de menor pressão sobre os preços, tanto aqui quanto lá. Ou seja, vai ser difícil para o Fed e o Copom não confirmarem as apostas de alívio nos juros - em breve e de forma rápida.
Ainda no calendário doméstico, merecem atenção dados sobre a atividade no setor de serviços (quarta-feira) e as vendas no varejo (quinta-feira, 14). Com isso, na sexta-feira (15), sai o IBC-Br referente ao primeiro mês do último trimestre deste ano, que serve de referência para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no período.
Vale lembrar que os mercados erraram na projeção de crescimento do PIB brasileiro ao longo deste ano, mas insistem na tendência de perda de tração da economia. Também na sexta-feira serão conhecidos índices de atividade nos setores industrial e de serviços na China, na zona do euro e nos EUA.
Um dia antes, é a vez dos principais bancos centrais europeus entrarem em cena, prometendo uma “Quinta Nobre” no velho continente. O BC da Inglaterra (BoE) anuncia sua decisão de juros, que deve seguir em 5,25%. Na sequência, o BC da zona do euro (BCE) define sua taxa, seguida de entrevista coletiva da presidente do BCE, Christine Lagarde.
Além disso, Brasília vai ferver ao longo da semana. Antes do recesso parlamentar, o Congresso precisa aprovar quase toda a agenda econômica que viabiliza a meta fiscal de déficit zero no ano que vem. Entre as votações, estão os vetos ao arcabouço fiscal e à desoneração da folha, além do projeto que revisa a tributação das subvenções do ICMS.
Na corrida contra o tempo, também não devem ficar de fora as decisões sobre a tributação de apostas online e sobre a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) de 2024. De olho nessa pauta, o presidente Lula reúne-se hoje com ministros e líderes do governo no Congresso, para planejar a articulação para o avanço da agenda do Executivo no Legislativo.
Segunda morna
Diante de uma agenda repleta de indicadores e eventos relevantes, os mercados amanheceram segunda-feira (11) em ponto morto, à espera do que vem por aí antes do apagar das luzes de 2023. Os futuros dos índices das bolsas de Nova York estão na linha d’água, sem um viés definido.
As principais bolsas europeias também estão em ritmo moderado. Na Ásia, Hong Kong caiu pela terceira sessão seguida, enquanto Tóquio e Xangai avançaram, digerindo a maior queda do índice de preços ao consumidor chinês em três anos, em -0,5% em novembro, ao passo que os preços ao produtor (PPI) chinês recuaram pelo 14º mês seguido. Entre as commodities, o minério de ferro e o petróleo estão no vermelho.