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Mercados Não Convivem Bem Com Incertezas

Publicado 16.11.2021, 17:35
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Definitivamente, os agentes do mercado não convivem bem com incertezas. Essa máxima explica em boa parte o fato da Bovespa mostrar desvalorização em 2021 da ordem de 12%, enquanto os mercados maduros dos EUA estão com valorizações acumuladas superiores a 20% no ano e, na Europa, o Stoxx 500 bateu recentemente recorde de pontuação.

Investidores necessitam de certeza, qualquer que seja ela, para programarem suas atuações e seleção dos investimentos, ainda que com viés de curto prazo. Não dá para acordar pela manhã e buscar notícias para operações de curtíssimo prazo. Daí decorre a grande volatilidade que os mercados estão atravessando, seja na interrupção de operações de IPOs ou follow on, nas operações de mercado secundário ou mesmo (e principalmente) no câmbio ou nos juros.

Não basta termos todas as incertezas no setor externo e na economia global mostrando desaceleração neste fim de ano e com inflação subindo acima da meta. Não basta termos diversos bancos centrais de países desenvolvidos pensando e/ou aplicando retirada de estímulos monetários e governos querendo fazer o mesmo com o fiscal. Não basta que os bancos centrais de países emergentes já atuem sobre a política monetária, se todos estão preocupados com a inflação presente e transitoriedade bem mais longa. 

Aqui, temos um quadro bem mais complicado, principalmente avaliando pela projeção do que pode acontecer em 2022 e 2023. Não sabemos como ficará a PEC dos Precatórios no Senado (que deve passar, mas pode ter alterações), se vamos furar o teto em R$ 30 bilhões, ou muito mais que isso, se parte dos recursos da folga será utilizada em medidas populistas (como aumento de salário para policiais), se vão lançar novamente mão da extensão do auxílio emergencial. Essas duas medidas são abominadas pela equipe econômica.

O Bacen, que sempre pregou a essencialidade de reformas estruturantes, pode estar numa “sinuca de bico” para domar a inflação em um ano de eleições polarizadas. Já está difícil ficar próximo da meta de inflação de 2022, de 3,50%, e agora ainda vamos ter que discutir se pode vazar o teto de variação em 5%, com a pesquisa semanal Focus do Bacen já indicando IPCA de 4,79% em 2022, com viés de alta. Aumentar muito a taxa Selic pode levar o PIB projetado em 2022 para próximo de zero ou mesmo para o campo negativo, comprometendo outros indicadores, como de emprego, nova ampliação da relação dívida/PIB e aumento do déficit nominal, além de trazer problemas para o próximo presidente, seja quem for.

Temos que considerar ainda o ambiente externo mais inóspito de estreitamento da liquidez global por retirada de estímulos monetários, alta de juros e, portanto, encarecimento da dívida de países e empresas, além das dificuldades adicionais de capitalização. O fluxo de investimentos pode encurtar e, com isso, o dólar pode se fortalecer ainda mais perante outras moedas, incluindo, é claro, a do Brasil.

Repito: precisamos de certezas, quaisquer que sejam.

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