O Ibovespa caiu ontem (18) pelo terceiro pregão seguido, na contramão da alta das bolsas de Nova York. Os futuros dos índices de ações nos Estados Unidos permanecem em terreno positivo nesta manhã, mas não se pode descartar uma mudança de direção ao longo desta sexta-feira (19).
Isso porque os mercados continuam apostando em um ciclo agressivo de cortes nos juros pelo Federal Reserve ao longo deste ano, com mais de 50% de chance de início da queda já em março. Trata-se de um rumo oposto à abordagem defensiva a qual os dirigentes do Fed apelaram nos últimos dias.
Por ora, os investidores parecem ignorar o que os bancos centrais vêm dizendo. Mas ainda que o cenário de corte de juros nos EUA não tenha mudado, é preciso ajustar as expectativas. Em outras palavras, talvez a queda não comece tão cedo quanto o esperado nem a taxa alcance um nível tão baixo ao final do ciclo.
Mão dupla
Já no Brasil, grande parte da tomada de risco depende de uma aceleração no ritmo de queda da taxa Selic, o que também parece cada vez mais improvável. Daí porque a correção nos ativos locais tende a ser maior, uma vez que é preciso adequar-se ao cenário de juros tanto aqui quanto lá fora.
Ainda assim, chama a atenção o fato de o dólar respeitar a marca abaixo de R$ 5,00. Na semana, a moeda norte-americana acumula alta de 1,5% ante o real, praticamente os ganhos acumulados neste início de ano. Já o Ibovespa recua mais de 5% em 2024, sendo que nos últimos quatro pregões, as perdas são de 2,8%.
Um respiro da bolsa brasileira para recompor o fôlego e interromper a queda livre pode ser oportuno hoje. Ainda mais diante da melhora do apetite por risco no exterior, com os rendimentos (yields) dos títulos dos EUA (Treasuries) mais comportados nesta manhã. Mas ainda é cedo para os mercados recalcularem a rota e retomarem a direção para cima.